A CONTAG integra a Campanha Permanente contra Violência no Campo: em defesa dos povos do campo, das águas e das florestas, a Campanha A vida por um fio, entre outros espaços de combate à violência no campo.
Entre 2011 e 2015 foram registrados 6.737 conflitos no campo, envolvendo mais de 3,5 milhões de pessoas. No período seguinte, de 2016 a 2021, esses números subiram para 10.384 conflitos atingindo 5,5 milhões de pessoas, em especial crianças, jovens e mulheres, confirmando que o impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi um golpe articulado entre setores do Estado e do capital, da mídia hegemônica e em particular ligado ao agronegócio. Os assassinatos saltaram de um total de 20 em 2020, para 35 em 2021, representando um aumento de 75%. Dentre estes, destacam-se lideranças que atuam na defesa dos Direitos Humanos e da natureza. Com relação ao trabalho escravo, houve aumento de 113% no número de pessoas resgatadas. Vale lembrar que esses dados, registrados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), são apenas os que tiveram visibilização nos dados oficiais ou mídia. Isso significa que a realidade é ainda muito mais dura. Essas situações se acirram à medida em que as políticas públicas e de fiscalização são desmontadas.
Com base nos dados da CPT, as populações que mais sofreram violência no campo foram os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, posseiros e camponeses sem terra. É importante ressaltar que tanto o aumento da violência como o de número de assassinatos se deram na região da Amazônia Legal, evidenciando a violência inerente ao processo de expansão do capital. A terra e a natureza, bens comuns, convertida em mercadoria e submetidas à propriedade privada e à especulação, estão na origem de diversas formas de violência. Violências estas estruturadas, historicamente, na divisão de classes, no racismo e no patriarcado.