O Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) tem apontado a necessidade de ampliar a visibilidade e a participação de todos os sujeitos do campo, da floresta e das águas na luta por melhores condições de vida e de trabalho, atuando em defesa da vida, do respeito ao próximo e combatendo toda a forma de agressão e discriminação. O momento exige que sejam ampliadas as pautas de luta, de modo a incorporar a diversidade que se manifesta nas identidades de gênero, étnico-raciais e na sexualidade. Torna-se essencial que o MSTTR reconheça os sujeitos que expressam essa diversidade e suas demandas, com novas formas do fazer sindical, se quiser legitimar-se como representante da agricultura familiar em sua diversidade social, cultural, geracional e de gênero, e assim garantir a representatividade perante esse público.
Nesse sentido, temas como o racismo estrutural e a sexualidade, pautados nos espaços de formação político-sindical, do Festival da Juventude e da Marcha das Margaridas, precisam ser debatidos pelo conjunto do movimento sindical porque eles estão implicados no cotidiano de uma parte significativa dos sujeitos da agricultura familiar, com impactos sobre suas vidas.
Os negros e negras constituem 52,8% da população rural, de acordo com o Censo Agropecuário de 2017 (IBGE). É necessário que o movimento sindical oportunize o debate sobre a questão étnico-racial, com a ampliação das formulações e definições estratégicas e a implementação de ações afirmativas que reconheçam e valorizem esses sujeitos.
Outro tema a ser debatido é sobre sexualidade, uma vez que os sujeitos LGBTQIA+ compõem a população do campo, da floresta e das águas. Suas demandas precisam fazer parte das pautas do movimento sindical para dar visibilidade e denunciar as opressões e exclusões ligadas à estrutura patriarcal, machista e LGBTfóbica da sociedade. Esses sujeitos são vítimas de todos os tipos de violências, rejeição por suas famílias e comunidades, ataques verbais e humilhações, isolamento e morte. Este tema não pode ser ignorado pelo MSTTR.