Em 2013, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) completou 50 anos de luta em favor dos trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares. No mesmo ano, foi realizado o seu 11º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (CNTTR), marcado pela presença de 45% de representação feminina, algo inédito em toda a trajetória do sindicalismo. Sim, foi um fato histórico! Assim como foi histórica a aprovação da paridade de forma unânime, nesse mesmo Congresso.
No Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), a conquista de mais participação e poder para as mulheres e a luta por mais democracia tem sido longa. Nos anos 1980, no Brasil, mulheres trabalhadoras se engajaram na luta pelo direito a serem sindicalizadas, reivindicação que se ampliou para conquistar voz e voto nos sindicatos e, depois, nos anos 90, para conquistar cotas nos espaços de direção e deliberação do MSTTR. Esta história de lutas abriu caminhos para profundas discussões e a aprovação da paridade de gênero nos espaços deliberativos da CONTAG, ampliada, posteriormente, para as demais entidades confederadas. Essa foi uma conquista das trabalhadoras rurais que, com habilidade e diálogo, têm construído caminhos para tornar o movimento sindical um espaço mais forte e democrático.
A paridade vem sendo implementada no âmbito da Diretoria da CONTAG desde 2017, e até o 14º CNTTR, em 2025, todas a entidades filiadas e instâncias deliberativas devem efetivar a sua implementação. Mesmo com estes importantes passos, muito ainda temos que avançar para que a paridade entre homens e mulheres gere mais do que números iguais. O seu verdadeiro efeito político deve ser a democratização das práticas políticas e das relações de poder, de forma que as mulheres tenham igualdade de condições para participarem e exercerem seus mandatos, sendo respeitadas, tendo autonomia e estando livres da discriminação de gênero e da violência política, ainda reproduzidas no mundo sindical.