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VIOLÊNCIA NO CAMPO
Dados da CPT apontam o aumento de assassinatos no campo
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22 de Abril de 2013

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violência no campo

1364 conflitos no campo. Por terra, por água, por relações trabalhistas... Esse é apenas um dos números da violência no campo no ano de 2012. A partir deste dado, surgem números de mortos, feridos, famílias expulsas de seus territórios e outros conflitos. Este é o resultado da última pesquisa feita pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que faz este levantamento detalhado anualmente, desde 1985. Tradicionalmente, estes dados coletados são reunidos em um livro, junto a análises das causas das situações de violência no campo e repercussão delas para a vida no campo brasileiro. Este ano, para fazer o lançamento do livro Conflitos no Campo Brasil 2012, a CPT escolheu um local de representatividade para a causa: o acampamento Hugo Chávez, em Brasília. “Eu nunca vi um lançamento em um lugar tão bonito como esse. Tão no chão da nossa terra, no cerrado do centro-oeste” comentou Dom Tomás Balduíno, conselheiro permanente da CPT, presente na cerimônia. Dom Tomás, inclusive, dá nome ao centro de pesquisa da CPT. Além dos convidados para a solenidade, participaram também os acampados e acampadas, que puderam tomar conhecimento da séria situação conflituosa que o Brasil passa. Essas pessoas sabem o que é sofrer com a violência imposta pelo poder privado e público e o descaso do governo, e talvez as histórias retratadas pelo livro não sejam novidade. Mas, os números não deixam de ser espantosos. Números e vidas Toda essa pesquisa procura mostrar além dos dados, que por sinal são diferentes das informações oficiais de instituições como o Incra, por terem sido coletados com proximidade aos acontecimentos. Não são somente números, são vidas perdidas em prol de razões que não deveriam existir. Direitos suprimidos, descaso e muita violência, contra pessoas que só queriam defender seu pedaço de terra, sua produção, sua família e a comunidade em que viviam. Cada morte, cada ferimento carrega uma história de luta e injustiça. Na cerimônia, Antonio Canuto, membro da equipe que trabalhou as informações do livro, apresentou os dados de forma detalhada, explicando os critérios. Vale lembrar que o livro traz dados não somente dos conflitos, mas também de trabalho escravo no país, causa também acompanhada pela CPT. “Estes números não representam a realidade toda, mas aquilo que tomamos conhecimento. Muito mais do que isso há por aí, que ninguém sabe e nem fica sabendo. No momento que tomamos conhecimento de alguma violência contra o trabalhador do campo, fica registrado”, explicou. Carlos Walter, professor da Universidade Federal Fluminense, também levou ao lançamento uma apresentação dos números ao longo dos 28 anos, desde que a CPT iniciou o levantamento de dados, agregando reflexões e criticando o atraso do governo em resolver essas situações. “Há 500 anos o modelo agrário no Brasil tem a mesma cara”, afirma o professor. “Em média, 2.700 famílias são expulsas por ano, fora os muitos assassinatos. A grande questão são os conflitos. Este trabalho deve reforçar em cada um de nós o sentido profundo dessa luta travada com o agronegócio no Brasil”. Testemunho Um dos momentos marcantes da cerimônia foi o depoimento da quilombola Rosimeire dos Santos, do Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia. Ela deu um relato sobre as ameaças, violências e abusos que sua comunidade sofre nas mãos da Marinha de Guerra, que cercou a região e não reconhece os direitos daqueles que lá vivem. Rosimeire, militante ameaçada de morte, diz que o quilombo nunca foi ouvido pelas autoridades e a situação está no limite. Importância do trabalho O trabalho de pesquisa da CPT é de grande importância e estratégia, do ponto de vista da reforma agrária no Brasil, como argumenta o futuro secretário de Política Agrária da CONTAG, Zenildo Pereira Xavier: “A iniciativa, para a sociedade e para nós do Movimento Sindical dos Trabalhadores(as) Rurais, retrata a realidade da reforma agrária no país. É muito importante para os movimentos sociais esta estratégia de reunir os dados reais, pois pode, de alguma forma, sensibilizar o governo para que a reforma agrária não fique somente no papel.” Para o atual secretário de Política Agrária da CONTAG, Willian Clementino, a situação da violência no campo é lamentável, e falta muito para a resolução por parte do governo. “Uma vez que o governo brasileiro não tem coragem de enfrentar os problemas agrários do Brasil, ainda é preciso que a CPT e o conjunto dos movimentos sociais divulguem essa enfermidade na sociedade, que é a violência no campo”.

FONTE: Imprensa CONTAG - Gabriella Avila



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