“Somos terra, somos água, somos vida!” Lideranças do movimento sindical, dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, camponeses, comunidades ribeirinhas, vazanteiros, quebradeiras de coco babaçu e outras representações estiveram reunidos no Centro Cultural de Brasília (CCB), em Brasília/DF, nos dias 20 a 23 de agosto, para debater e denunciar as diversas formas de violência.
O secretário de Política Agrária da CONTAG, Alair Luiz dos Santos, compartilha que “em 2023, nós tivemos mais de 2.000 ocorrências de conflitos, sendo que cerca de 1.724 deles foi por conta de terras. Esse é o maior número já registrado. E este seminário é um importante momento para nos mobilizarmos e solicitar medidas urgentes que protejam os nossos companheiros e companheiras.”
O momento é oportuno para promover espaço de escuta e diálogo para garantir a proteção para povos, que têm enfrentado ameaças constantes aos seus direitos, territórios e o seu modo de vida. A programação incluiu análise de conjuntura e debates sobre os temas referentes à defesa dos direitos territoriais, a proteção dos recursos naturais, a valorização das culturas tradicionais e a luta contra a criminalização e violência.
O evento teve participação de lideranças que são referências na luta pela garantia dos direitos dos povos e foram convidadas para debater e refletir sobre a temática da violência.
Também houve o lançamento do vídeo institucional que marca os dois anos de atuação da Campanha Contra a Violência no Campo e a divulgação da pesquisa inédita “Massacres no Campo”. A pesquisa foi realizada em conjunto com o Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e universidades públicas, incluindo a Universidade de Brasília (UnB).
O objetivo destes momentos é apresentar os relatórios, cobrar ações efetivas das políticas públicas que possam garantir a proteção e a autonomia dos povos e comunidades tradicionais de viver em suas terras e territórios com segurança.
Para Ozania Silva, que integra a coordenação da Articulação das Pastorais do Campo, o Seminário foi mais uma forma dos povos cobrarem ao Estado que faça justiça e basta de tanta impunidade. “Este seminário é mais um momento importante que vivemos com vários tipos de violência contra os povos da cidades, do campo, das águas e das florestas. Mais um grito de denúncia, um grito por justiça em defesa da vida que é tão ameaçada pelo agronegócio e até mesmo o Estado. É mais um grito pelo fim da violência institucionalizada, é uma forma de exigir uma resposta urgente para pôr fim a essa violência e deixar os povos viverem a sua vida plena”, enfatizou.
O seminário foi organizado pela Articulação das Pastorais do Campo que integram a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Serviço Pastoral do Migrante (SPM), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Cáritas Brasileira e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Por Malu Souza / Comunicação CONTAG com informações da Comunicação da Campanha contra a Violência no Campo