17 de abril, Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, um marco de resistência das pessoas do campo, da floresta e das águas pelos seus territórios.
Data de reafirmar a defesa por uma reforma agrária ampla, massiva, de qualidade e participativa, que interfira na estrutura fundiária e de poder.
Data de relembrar e revisitar o Massacre de Eldorado de Carajás, quando, em 1996, foram assassinados 19 trabalhadores e trabalhadoras rurais no local e outros dois faleceram já no hospital, centenas ficaram feridos e 69 mutilados.
Data de refletir. Por qual razão em um país com dimensões continentais como o Brasil há pouca gente que tenha tanta terra e outras tantas que queriam ter, pelo menos, um pedacinho de chão e não conseguem? Por que para ter acesso à terra homens e mulheres ainda têm que fazer a luta com resistência, persistência, suor e sangue derramado?
“É difícil entender como que em um país tão grande como o Brasil ainda tenhamos que fazer a luta com muita resistência, com suor e, muitas vezes, com sangue derramado para ter direito a um pedaço de terra”, afirma o secretário de Política Agrária da CONTAG, Alair Luiz dos Santos.
Ao longo da história do Brasil, muitas foram as artimanhas realizadas nos espaços de poder que culminaram na formação de um país com extrema concentração fundiária e desigualdade social, que se materializou através da apropriação indevida das terras. Como consequência desse processo temos a formação de grandes latifúndios, uma das bases para a desigualdade social brasileira e diversos conflitos.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o país registrou 2.203 conflitos no campo em 2023, o maior número desde o início da série histórica em 1985. Esses conflitos afetaram cerca de 950.847 pessoas. A maioria dos casos (1.724) foi relacionada à disputa por terra, representando 78,2% do total. Além disso, foram registrados 251 casos de trabalho escravo rural e 225 conflitos por água.
Neste dia de luta, o Sistema Confederativo (STTRs, FETAGs e CONTAG) reafirma o seu compromisso com a reforma agrária e por justiça aos crimes envolvendo os trabalhadores e trabalhadoras rurais, principalmente os que lutam pela terra. Reafirma, ainda, a luta pela reforma agrária como um dos pilares do seu Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS).
“No Brasil existem cerca de 150 mil famílias cadastradas pelo INCRA lutando pela tão sonhada reforma agrária. Por isso, defendemos a democratização do direito à terra e garantias territoriais. Os assentamentos da reforma agrária têm um papel decisivo na produção de alimentos, na segurança alimentar, na geração de trabalho e renda e na valorização da cultura e identidade do campo. São territórios de vida, resistência e transformação”, compartilhou Alair Luiz dos Santos.
A CONTAG segue firme na defesa da reforma agrária como base para um Brasil mais justo, com menos desigualdade e mais soberania para quem planta, colhe e alimenta o país todos os dias.