O livro Camponeses Mortos e Desaparecidos: Excluídos da Justiça de Transição, lançado em 24 de maio pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pretende auxiliar a Comissão Nacional da Verdade no reconhecimento oficial de 1.196 casos de assassinatos e desaparecidos no campo de 1961 a 1988, em função das diversas formas de repressão política e social. Esse período foi estabelecido na Lei 9.140/1995, que reconhece que pessoas foram perseguidas e assassinadas pela ditadura militar (1964-1985).
Para o secretário de Política Agrária da CONTAG, Zenildo Pereira Xavier, esta obra é importante porque esclarece muitos casos. “Muitos companheiros(as), ao longo da ditadura militar, perderam suas vidas na luta pela distribuição de terra e democratização do país. Além de contar uma história, esse livro aponta fatos que até hoje acontecem porque os trabalhadores e as trabalhadoras rurais persistem em combater o latifúndio.”
Apesar de o livro apresentar um número expressivo de vítimas, apenas 51 casos foram analisados pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos e, desses, 29 tiveram a causa da morte relacionada à questão Política. O dirigente da CONTAG entende que o Estado brasileiro deve investigar todos os casos identificados na pesquisa realizada pela SDH/PR. “É preciso fazer justiça a todos os trabalhadores e lideranças assassinadas e suas famílias”.
O livro também relata que a violência praticada neste período tem relação com a organização política dos trabalhadores(as) rurais e com a repressão exercida pelos latifundiários, como forma de coibir a luta pela terra. Nesse sentido, os estados que acumulam o maior número de pessoas assassinadas são o Pará (342 mortes); o Maranhão (149 mortes); a Bahia (126 mortes); Pernambuco (86 mortes) e Mato Grosso (82 mortes). “Estados com grande concentração de terras e de conflitos agrários”, informou Zenildo. FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi (com informações da Agência Brasil)