Faleceu na noite desta quinta-feira, 21 de março, em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, a trabalhadora rural e esposa do presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Bela Vista (MS). Fátima Benites foi atingida por um tiro na cabeça em um atentado ocorrido na sede do STTR ontem pela manhã, onde o presidente Eugênio Benites e a filha Keilini também foram feridos pelo pistoleiro. Toda cena foi presenciada por um neto do casal, de nove anos.
O corpo de Fátima ainda se encontra no Instituto Médico Legal da Santa Casa de Campo Grande. Já o Eugênio e a filha ainda estão internados em estado grave no Hospital de Bela Vista, mas aguardam transferência para o Hospital de Aquidauana.
Eugênio Benites é assentado no Projeto de Assentamento Caracol, no município de Bela Vista. Há muitos anos, vem denunciando a grilagem dos lotes do assentamento, que vem tendo sua área invadida por pessoas estranhas ao processo de reforma agrária, que inclusive vendem área de preservação permanente.
Nos anos 2007/2008, o INCRA entrou com uma ação possessória, conseguindo liminar na Justiça Federal. No entanto, apesar de acompanhado por policiais federais, o despejo não prosperou, uma vez que os invasores impediram a ação com ameaças aos oficiais de justiça e uso de máquinas e equipamentos.
Desde então, o INCRA não investiu para assegurar a concretização do despejo dos invasores, apesar da continuidade das denúncias pelo STTR de Bela Vista.
A CONTAG acionou a Ouvidoria Agrária e o INCRA visando providências urgentes e, em conjunto com a FETAGRI-MS, continua reunindo mais informações para adotar todas as providências visando a correta apuração do crime com a punição dos responsáveis e, também, a regularização do projeto de assentamento Caracol.
Nesta sexta-feira, a CONTAG já encaminhou ofícios para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, para o Ministério da Justiça, Secretaria Geral da Presidência da República, para o governador de Mato Grosso do Sul, e Secretarias de Segurança e de Justiça do estado do MS.
A Ouvidoria Agrária já respondeu ao ofício da Confederação informando que já está tomando as devidas providências junto aos órgãos de segurança pública do estado.
“Nós não admitimos que crimes como esse aconteçam pela pacificação do Estado. É preciso que o polícia apure e que seja garantida a segurança dessa família. Reconhecemos o esforço desse dirigente para fortalecer o processo de reforma agrária amplo, massivo e com transparência”, disse o secretário de Política Agrária da CONTAG, Willian Clementino.
“Nós ficamos abalados com esse lamentável crime, principalmente por ocorrer na sede do Sindicato. Isso mostra a audácia desses criminosos. Vamos denunciar o ocorrido nos âmbitos nacional e internacional. Não vamos nos calar até que se descubra os mandantes e o executor. Mais uma vez acontece um crime com lideranças do campo porque os conflitos agrários não são resolvidos. Dessa forma, dificilmente conseguiremos acabar com a violência no campo”, analisou o presidente da CONTAG, Alberto Broch.
FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi