O presidente da Fetaema, Chico Sales participou nesta sexta-feira, cinco de novembro, no auditório da OAB, de uma coletiva com a imprensa, onde foi exposto detalhes da morte do agricultor familiar, Flaviano Pinto Neto, assassinado com sete tiros, na ultima segunda feira, na cidade de São Vicente Ferrer.
Além da Fetaema, estavam presentes representantes do Ministério público, da Ordem dos Advogados, promotores, Comissão Pastoral da Terra, entre outros grupos de direitos humanos.
O primeiro a falar foi o trabalhador rural, Manoel Silva. Em depoimento emocionado, ele revelou a imprensa, as constantes ameaças que assim como o companheiro Flaviano, os trabalhadores do povoado quilombola Charco, vem sofrendo. Mencionando na sua fala, que as 90 famílias só permanecem no local, devido a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, ter entrado com uma ação judicial pedindo a permanência dos agricultores (as) no povoado.
Além do Charco, outros locais de conflitos agrários no Estado foram citados, como o do Quebra Pote, na zona rural de São Luis, Buriti Corrente em Codó, comunidades quilombolas em Alcântara, povoados de Santarém e Santana em São Luiz Gonzaga, Alto Bonito na cidade de Brejo, Arame em Alto Alegre e Cruzeiro em Palmeirândia.
Ao fazer uso da palavra, Chico Sales destacou a importância de continuar na luta para que o trabalhador(a) rural possa permanecer na sua terra, e encerrou pedindo que todos os órgãos envolvidos nas questões agrárias possam estar dando agilidade nos processos, para evitar que mais pais e mães de família sejam assassinados por “jagunços”.
No encerramento da coletiva, um dos membros da comissão da OAB, Diogo Cabral, mostrou aos presentes mais uma ordem de despejo, desta vez destinada a Comunidade Cruzeiro, na cidade de Palmeirâdia. Para tentar impedir a ação, ficou definido, que os representantes das instituições juntamente com membros da comissão da OAB, estarão indo a Palmeirândia no próximo dia 9 de novembro.
Assassinato de Flaviano Pinto Neto Flaviano Pinto Neto de 45 anos, foi assassinado na ultima segunda feira, na cidade de São Vicente de Férrer, com sete tiros a queima roupa em um estabelecimento comercial ás margens da BR 014. O trabalhador rural, era presidente da Associação do povoado quilombola Charco e durante anos, foi o grande articulador da resistência da comunidade negra contra um fazendeiro da região. Cumprindo o seu papel de incansável operador para agilização dos processos, no ano passado junto a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – Fetaema, Flaviano conseguiu impedir uma ação de despejo da comunidade por cerca de 120 policiais militares no ano passado.
Com a suspensão do despejo, os ex escravos permaneceram na comunidade, buscando o direito de posse como legítimos herdeiros da terra através de uma ação possessória.
Na semana passada, Flaviano esteve na Fetaema, sempre angustiado, buscando agilizar o processo, que acabou resultando na sua morte. FONTE: Comunicação da Fetaema