Español   /   English   /   中国人   /   Français   /   Deutsch Arrecadação  /   SisCONTAG  /   Guias  /   Webmail  /   Eventos  /   Todos os sistemas  /   Login
               
 
 
VIOLÊNCIA NO CAMPO
Comissão Camponesa da Verdade lança livro com o relatório sobre as violações de direitos no campo de 1946 a 1988
WhatsApp

18 de Março de 2016

TEMAS RELACIONADOS:
violência no campo

O Relatório Final da Comissão Camponesa da Verdade (CCV) foi transformado em livro e lançado na audiência pública realizada na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal, que aconteceu nesta quinta-feira (17). O lançamento deste livro coroa um esforço coletivo de muitas pessoas que se desdobraram para dar luz a um pedaço da história dos camponeses e camponesas que sofreram violações em seus direitos, contribuindo para a busca da justiça e da reparação.

Os membros da CVV reconhecem que esse relatório não esgotou o universo das situações de violações contra camponeses, mas, mesmo com limites, conseguiu apresentar um panorama inicial de casos emblemáticos, alguns deles pouco conhecidos até então. A realização deste trabalho significa o cumprimento de uma tarefa nobre dos movimentos sociais para demonstrar como a classe dominante brasileira, que é uma das mais conservadoras do mundo, se valeu da repressão e da aliança com os militares para violar a vida e os direitos do povo do campo.

Este relatório é fundamental para denunciar a invisibilidade para a maioria dos casos e o pouco reconhecimento que o Estado e a sociedade têm sobre o que ocorreu no campo no período da repressão. Exemplo disso, é que o trabalho concluído pela Comissão Nacional da Verdade, mesmo sendo subsidiada pela CCV, só reconheceu 49 casos ligados aos camponeses e camponesas. Resultado muito limitado diante do que está registrado no livro ora lançando, que apresenta mais de 70 casos de violações aos direitos humanos de líderes rurais e seus apoiadores, em todas as regiões do País no período de 1964 e 1988; revela uma lista com identificação de 663 camponeses(as) cujos nomes aparecem em Inquéritos Policiais Militares ou em Processos na Justiça Militar durante a ditadura. Desse total, 132 foram presos, 34 torturados e 11 mortos e, ainda, uma relação de 1.196 camponeses e camponesas e seus apoiadores mortos ou desaparecidos entre 1961 e 1988.

Além dos casos, o livro também tenta explicar a estrutura de repressão no campo e traz conceitos e concepções sobre o significado de graves violações de direitos humanos no campo, e como o Estado deve ser reconhecido como sujeito de violação de direitos não só quando agiu diretamente, mas também pelo conluio, acobertamento e “privatização” da sua ação, com a atuação do latifúndio como um braço privado na repressão. O relatório traz, ainda, um debate sobre memória e reparação diante de um processo político e social de invisibilização das lutas e resistências camponesas e uma sistemática negação da reparação aos camponeses.

A Comissão Camponesa da Verdade foi criada durante a realização do Encontro Nacional Unitário dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, em 22 de agosto de 2012. A CCV é constituída de representantes de movimentos sociais do campo, entre eles a CONTAG, e de uma rede nacional de pesquisadores(as) engajados no tema, e outras personalidades. O principal objetivo foi incidir nos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), buscando influenciar o relatório final da CNV com dados sobre as formas como a repressão atingiu os trabalhadores(as) no campo.

Um caso emblemático relatado no documento é o assassinato de Margarida Maria Alves, que era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande/PB, em 12 de agosto de 1983, cujo crime ainda está impune. O assassinato de Margarida encobre uma suposta participação de usineiros, proprietários rurais, autoridades e agentes públicos da região em crimes contra camponeses.

Infelizmente, a violência no campo permanece, fruto do modelo de desenvolvimento rural fomentado pela ditatura militar e que continua sendo priorizado pelos governos. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgará na próxima semana o Relatório Anual de Conflitos do Campo do ano de 2015, onde estão registrados 50 assassinatos, principalmente na Amazônia. Agora em 2016, trabalhadores e trabalhadoras rurais já foram mortos em consequência da luta pela terra. Em Boa Vista/RR, no início de março, dois trabalhadores rurais foram assassinados em um confronto com a Polícia Militar na área onde estão acampadas 720 famílias na Gleba Cauamé, situada nos municípios de Boa Vista e Alto Alegre. Além das duas mortes, duas pessoas estão desaparecidas e quatro foram presas.

Além da morte, outros direitos do povo continuam também sendo violados pela morte dos rios e das florestas, com a produção de alimentos envenenados, com a exploração absurda da mão de obra rural, dentre outras violências diárias cometidas no campo.

Por isso, é importante compreender o Relatório Final da Comissão Camponesa como um instrumento de luta, que permite conhecer e analisar os casos como mecanismo de recomposição de uma memória que orienta para as ações dos movimentos sociais no futuro.

É preciso exigir do Estado o cumprimento das recomendações do relatório da Comissão Camponesa e da Comissão Nacional da Verdade, especialmente quanto à necessidade de continuar o trabalho de pesquisa e registro das memórias, de resgate da verdade, assegurando a justiça e a reparação para vítimas e familiares com mecanismos que permitam ao Brasil completar a sua transição democrática. FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Verônica Tozzi



WhatsApp


CONTEÚDOS RELACIONADOS



Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
SMPW Quadra 01 Conjunto 02 Lote 02
Núcleo Bandeirante/DF
CEP 71.735-102

(61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299
secretariageral@contag.org.br

Horário de Funcionamento:
8h30 às 12h e 14h às 18h
A CONTAG é filiada à:
Secretarias
Presidência
Vice-presidência e Relações Internacionais
Secretaria Geral
Finanças e Administração
Política Agrária
Política Agrícola
Meio Ambiente
Políticas Sociais
Formação e Organização Sindical
Mulheres Trabalhadoras Rurais
Jovens Trabalhadores(as) Rurais
Trabalhadores(as) da Terceira Idade
Comunicação
Política Nacional de Comunicação
A Assessoria de Comunicação
Comunicação Visual
Bandeiras de luta
Fortalecimento da Agricultura Familiar
Acesso à terra e reforma agrária
Políticas públicas estruturantes
Políticas Sociais para o meio rural
Paridade de gênero
Sucessão Rural
Fortalecimento dos sujeitos do campo, floresta e águas
Agroecologia
Preservação e conservação ambiental
Combate à violência no campo
Direitos dos Assalariados/as Rurais
Mobilizações
Grito da Terra Brasil
Marcha das Margaridas
Festival Nacional da Juventude Rural
Festival Juventude Rural Conectada
Encontro Nacional de Formação (ENAFOR)
Plenária Nacional da Terceira Idade
Sistemas
SisCONTAG
ARRECADAÇÃO
GUIAS E CONTRIBUIÇÕES
WEBMAIL
SISTEMA DE EVENTOS
INTRANET
JOVEM SABER
JOVEM SABER (Novo)
LEGISLATIVO
EDITAIS
REFORMA AGRÁRIA
Campanhas Institucionais
Campanha Nacional de Sindicalização – Sindicato de Portas Abertas
Reforma Agrária: nossa luta vale a pena
Década da Agricultura Familiar
Raízes se formam no campo – Educação Pública e do Campo é um direito nosso
Campanha contra a Grilagem
Em defesa da Previdência Social Rural
Plano Sustentar
Cuidados com o Coronavírus
Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico