Dois anos após o assassinato do casal de extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, motivado por disputas de terra do assentamento Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna, no Pará, onde moravam há mais de 20 anos e trabalhavam com extração de castanha, foi realizado na semana passada o julgamento dos três acusados pela execução e do mandante do crime. O casal era conhecido na região por defender agricultores expulsos de um lote comprado ilegalmente por José Rodrigues Moreira, suspeito de ser o mandante do crime. Após dois dias de julgamento, o júri condenou os dois executores. Lindonjonson Silva, irmão do mandante, foi condenado a 42 anos e 8 meses de prisão por homicídio duplamente qualificado, e Alberto Lopes Nascimento a 45 anos, por duplo homicídio triplamente qualificado, pois o júri entendeu que houve requintes de crueldade na execução. Entretanto, José Rodrigues, agricultor suspeito de mandar os homens matarem José Cláudio e Maria, foi absolvido. Segundo o júri, não havia provas para condená-lo. A absolvição provocou revolta no Fórum de Marabá, onde aconteceu o julgamento. O resultado não era esperado pelo Ministério Público, que vai recorrer nos próximos dias, alegando que há provas cabais que mostram sua culpa no caso. Impunidade “Historicamente, a impunidade tem sido passaporte para a violência no campo”, afirma Willian Clementino, secretário de Política Agrária da CONTAG. “É lamentável que o júri tenha absolvido o mandante do crime. A expectativa que temos é que o Ministério Público efetivamente possa recorrer da decisão do júri e consiga condenar o mandante. O fato de os executores ficarem presos é importante para punir aqueles que cometem os crimes e aquecem a violência no campo. Mas, é inadmissível que a gente aceite que o mandante do crime fique solto para mandar matar outros trabalhadores e ativistas da questão ambiental” argumenta. A CONTAG continuará acompanhando o caso. FONTE: Imprensa CONTAG - Gabriella Avila