O MSTTR denuncia casos de impunidade e cobra do governo ações que ataquem a causa da onda de violência contra trabalhadores (as) rurais As mortes de agricultores familiares e ameaças denunciadas recentemente não são casos isolados e prescindem de ações imediatas contra os conflitos agrários. A Contag se reuniu com o ministro Gilberto Carvalho na última semana, cobrou ações que ataquem a causa de todos esses problemas e também insistiu na atualização dos índices de produtividade – necessária para promover desapropriações de terra. O MSTTR convive diariamente com casos semelhantes àqueles que ganharam repercussão nas últimas semanas. A coordenadora da Fetagri-PA, Maria Joel Dias da Costa, recebe ameaças constantemente. Viúva de José Dutra da Costa, ‘o Dezinho’, assassinado em novembro de 2000, ela depende de escolta policial para continuar viva. Os assassinos de Dezinho foram presos somente em 2006, e beneficiados com o chamado ‘saidão de natal’, não voltaram para prisão e estão soltos novamente. Maria Joel disse encontrar os mandantes do assassinato de seu marido pelas ruas da cidade onde mora. A dirigente sindical do Pará é mais uma das pessoas que integram a lista da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), que foram ameaçadas de morte. Só em 2010 foram 125 ameaças. A coordenadora nacional da CPT, Isolete Wichinieski, informou dados de uma pesquisa divulgada pela Pastoral que denuncia que nos últimos 25 anos, 1580 pessoas foram assassinadas em conflitos agrários. Desse total apenas 91 casos foram apurados. São 73 executores e 23 mandantes condenados, mas apenas um deles preso. Todos os anos durante a mobilização do Grito da Terra, a Contag cobra a realização da reforma agrária e a atualização dos índices de produtividade, mas até agora o governo não se comprometeu com a causa. “É preciso punir esses casos de violência, mas isso não vai resolver, as mortes vão continuar acontecendo se o governo não se conscientizar da necessidade e urgência de um programa de reforma agrária”, considera Alberto Broch, presidente da Contag. Durante a reunião com o ministro Gilberto Carvalho, a Contag entregou um oficio que reivindica ações enérgicas e punição aos casos pontuais de violência, que estão concentrados no norte e nordeste, mas que também são realidade em todo o País. (Veja quadro abaixo). Junto com a Comissão da Pastoral da Terra (CPT), Central Única dos Trabalhadores (CUT), e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a Contag cobrou a efetivação de políticas públicas que assegurem a democratização da terra e dos recursos naturais, braço direito do movimento sindical que luta por um Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS). Acompanhe abaixo exemplos do horror cotidiano imposto no campo pela ação de grileiros, madeireiros, latifundiários, e grandes empreendimentos, muitos deles beneficiários de fartos financiamentos públicos e que praticam trabalho escravo: 1 – Pará – assassinatos de José Cláudio Ribeiro da Silva, Maria do espírito Santo, Erenilton Pereira e Marcos Gomes da Silva. 2 – Sul do Amazonas – assassinato de Adelino Ramos que denunciava a ação e madeireiros em área de assentamento. Além de ameaças à vida de Nilcilene Miguel de Lima, Raimundo Alexsandrino de Oliveira, Carlos Roberto Rufato, e Felicidade Araújo da Silva. 3 – Maranhão – atentado contra residência de Almirandir Pereira Costa, vice-presidente da Associação dos Quilombos do Povoado de Charco, em São Vicente de Férrer, alvejada por três tiros desferidos por homens que até o momento não foram identificados pela polícia. Em 2010, Flaviano Pinto Neto, que era presidente da Associação quilombola, foi assassinado nesta mesma área, com sete tiros à queima roupa. 4 – Paraná – invasão violenta e ilegal da residência de Cláudio Fernandes, no assentamento Barra Bonita, realizada de madrugada por policiais da P2 do estado do Paraná, constrangendo a mulher do trabalhador e seus filhos menores. Cláudio é uma das lideranças dos acampados da região de Alvorada do Sul e Porecatu e a invasão à sua residência ocorre como parte de uma série de atos violentos provocados por representantes do grupo Atala que tem suas terras improdutivas reivindicadas por trabalhadores rurais da região. O grupo Atala foi denunciado por trabalho escravo e é devedor de créditos trabalhistas, previdenciários e fiscais. 5 – Mato Grosso – Pe. Paulo César Moreira Santos e Pe. Rosécio, agentes da CPT-MT, ameaçados por ocupantes ilegais da área da reserva da fazenda Bordolândia, em Alto Boa Vista. 6 – Tocantins – conflitos e ameaças contra trabalhadores no município de Palmeirante (conforme nota pública da CPT Araguaia-TO). FONTE: Agência Contag de Notícias - Suzana Campos