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REFORMA AGRÁRIA
Duas décadas de luta por justiça. Não há o que comemorar, há pelo o que lutar
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29 de Novembro de 2021


Bruno Leão
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Esse é o sentimento da família de José Dutra da Costa, o grande sindicalista Dezinho. Sua companheira Maria Joel e os filhos, Joelma, Joelson, Joélima e tantos outros sindicalistas, seguem fazendo memória e luta.

O XXI Seminário da Agricultura Familiar em Memória ao sindicalista Dezinho aconteceu no último dia 27, no ginásio municipal de Rondon do Pará/PA, e contou com a participação de 200 agricultores e agricultores familiares e dezenas de movimentos sociais, entre eles, o STTR de Rondon, realizador do evento, e parceiros, como CONTAG, FETAGRI-PA, CPT e MST.

Maria Joel, viúva de Dezinho, falou emocionada: "Nós dividimos a dor da perda, mas também a gratidão da solidariedade de todos vocês. Por isso agradeço a presença e peço que continuem a lutar pela reforma agrária, por direitos e pela vida."

Dezinho deixou um grande legado de luta pela reforma agrária na região. Ao todo, são onze assentamentos regularizados e dois ainda em andamento. Sua trajetória foi de conquistas para os trabalhadores e trabalhadoras do campo, da floresta e das águas mesmo após seu assassinato a mando de latifundiários, sua crença na organização da classe trabalhadora, em especial a camponesa, se fortalece e sua memória segue viva na luta do dia a dia.

O diretor de Política Agrária da CONTAG, Alair Luiz dos Santos, lembrou que, "colocar a reforma agrária como direito na Constituição foi uma conquista, mas precisamos difundir uma reforma agrária com justiça social, participação popular e que garanta meios para o consumo da produção, para que as pessoas tenham dignidade de vida. Eu vejo dignidade em vocês quando vejo essa memória aos dois sindicalistas: Dezinho e Ribamar."

Outro diretor da CONTAG presente, de Formação e Organização Sindical, Carlos Augusto Santos Silva (Guto), completou: "A memória de Dezinho e Ribamar sempre estarão reenergizando a luta sindical e camponesa. Só com a união do conjunto de trabalhadores e trabalhadoras iremos garantir a reforma agrária," finalizou Guto.

O Seminário voltou a ser realizado obedecendo todos os procedimentos de segurança sanitária. Máscaras com a mensagem "Pelo fim da violência no campo" foram distribuídas.

Esta também foi a intencionalidade da fala de Angela de Jesus, presidenta da FETAGRI-PA: "A FETAGRI Pará tem cinquenta e dois anos, e já conquistou muitas vitórias, mas também, já presenciou muito derramamento de sangue. Mesmo assim, o que me deixa feliz é saber que a luta não para, e que temos aqui muitas Claudias, Dezinhos, Ribamares que lutam pela reforma agrária."

Esteve presente também o deputado estadual Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. Em sua fala, Bordalo foi preciso: "Se os latifundiários achavam que matando Dezinho iriam acabar com sua luta, estavam completamente enganados. Estar aqui no XXI seminário, mostra que a morte do companheiro Dezinho alimentou ainda mais o desejo da reforma agrária."

Para o companheiro Jango, Diretor de Finanças da CUT Pará, "a feira da agricultura com produtos vindos direto dos assentamentos, as palestras de capacitação técnica e a presença de mais de 200 pessoas, mostram que a morte do companheiro Dezinho não foi em vão. O que precisamos é justamente unificar todos os movimentos sociais e sindicais em defesa da permanência do camponês em sua terra."

Para Geuza Morgado, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que acompanha os conflitos no Campo na região, o Seminário é simbólico: "Todos os anos nós vimos fazer memória a esses dois companheiros, Dezinho e Ribamar, para lembrar que nenhum de nós nunca esqueça que o direito à terra só de dá a partir da luta”.

Dezinho Presente! Ribamar Presente!

FONTE: Bruno Leão - Educador e Comunicador Popular



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