Com muito entusiasmo, força e vontade de fazer transformação social que foi realizado o II Encontro Nacional sobre Reforma Agrária e Juventude, nos dias 12 a 14 de julho, em Brasília, com cerca de 120 jovens e lideranças de todo o País. O encontro cumpriu um dos objetivos que foi avaliar a implementação das políticas de reforma agrária e de promoção dos direitos humanos e seus impactos na vida de jovens agricultores e agricultoras familiares.
O encontro contou com a participação de representantes da CUT, CTB, MST, MAB, MPA e CONTAR. E contou com o apoio do SENAR.
“Foi abordada com muita força a questão da violência no campo. Tivemos conosco um jovem que está sofrendo com a perda de um irmão ainda criança e com a tentativa de assassinato sofrida pelo pai, que felizmente sobreviveu, por conta de conflito agrário. Nossos jovens estão sendo vítimas, sofrendo ameaças e enfrentando dificuldades por falta de acesso a políticas públicas, como educação, saúde, internet, por exemplo”, destacou o secretário de Política Agrária da CONTAG, Alair Luiz dos Santos.
O dirigente completou: “Violência não é só quando mata, mas também quando despeja, expulsa, ameaça, pulveriza nossas propriedades com agrotóxicos, entre outras formas de violação de direitos humanos”.
Ao longo desses três dias também foram compartilhadas experiências de organização social e econômica da juventude no meio rural, como do Programa Jovem Saber, no estado do Maranhão, que tem como resultado uma horta agroecológica e uma campanha de reflorestamento; da Turma de Agronomia do estado de Goiás, pela Universidade Federal de Goiás, como experiência exitosa do Pronera; da mobilização feita no estado da Paraíba contra o fechamento das escolas do campo, mostrando a resistência e a luta pela educação do campo; experiência de luta pela terra com jovem assentado da reforma agrária no estado do Maranhão; e outra como um jovem filho de assentados da reforma agrária sobre a sua experiência de administração da parcela do assentamento e acesso a políticas públicas, como crédito rural do Pronaf e Mercados.
“Essas experiências apresentadas fomentaram um profundo debate sobre os desafios enfrentados pela juventude rural de todo o País e como o movimento sindical vem atuando para o enfrentamento desse cenário de desmonte das políticas públicas e de falta de orçamento e incentivos para a agricultura familiar e reforma agrária. Destacamos a Campanha Raízes se Formam no Campo – Educação Pública e do Campo é um direito nosso, que lançamos em fevereiro de 2021 para dialogar com o poder público e com a sociedade sobre os impactos do fechamento das escolas do campo”, relatou a secretária de Jovens da CONTAG, Mônica Bufon.
Neste debate, a dirigente destacou como o programa Jovem Saber está dando bons frutos. “Estamos vendo que, além da formação política da juventude, o Jovem Saber está proporcionando iniciativas inovadoras, com projetos de vida para a juventude permanecer no campo com qualidade de vida, com renda e com realização pessoal. Ou seja, o programa está cumprindo o seu objetivo”, comemora Mônica.
Ao longo da programação também foram realizados momentos de debates sobre os desafios dos(as) jovens para que a terra seja um espaço de produção e reprodução de vida, geração de renda, de produção de alimentos saudáveis, de cuidados com o meio ambiente, de valorização da cultura, de identidade e sucessão rural.
O encontro contou ainda com trabalhos em grupo, oficinas temáticas, troca de sabores e sementes com produtos da Reforma Agrária, elaboração de propostas de ação, entre outras atividades e momentos de integração.
Dentro da programação também houve um diálogo em parceria com a Frente Parlamentar Mista da Agricultura Familiar sobre a importância da Reforma Agrária como instrumento de promoção da sucessão rural e o desenvolvimento nacional, com a participação dos deputados Heitor Schuch, Vilson da FETAEMG e Elvino Bohn Gass.
“Sabemos que nós, enquanto jovens, principalmente os acampados e assentados, enfrentamos muitos desafios para permanecer no campo. Um deles é o desafio de acessar a terra e ter condições para produzir. O último Censo Agropecuário registrou uma saída de mais de 800 mil jovens do campo. Tenho certeza que encontros, como esse, são importantes para pensarmos em estratégias e ações para mudarmos essa triste realidade”, aponta Mônica.
“Infelizmente, mudar essa realidade não depende apenas da gente. Precisamos ter unidade e ter consciência de que precisamos eleger pessoas comprometidas com a agricultura familiar, com a reforma agrária, com o desenvolvimento rural sustentável e solidário. Regredimos em vários aspectos nos últimos anos, como o aumento da fome, do desemprego e do aumento da violência. A reforma agrária precisa ser uma prioridade de Estado, e é urgente!”, defendeu Alair.