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Experiência de cafeicultoras brasileiras é apresentada pela CONTAG e COPROFAM em intercâmbio internacional promovido pelo Fórum Rural Mundial
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24 de Março de 2022



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Buscando dar mais visibilidade a experiências exitosas de desenvolvimento produtivo de mulheres rurais a partir de iniciativas de cooperativismo, o Fórum Rural Mundial (FRM), junto a Forest and Family Facility (FFF) e a Agricoopds, está promovendo neste semestre um grande Ciclo de Intercâmbios entre organizações de agricultura familiar e agências multilaterais, e realizou nesta quinta-feira (24) o primeiro seminário virtual deste ciclo.

A ideia da atividade é exibir projetos de diferentes partes do mundo, que tenham em comum o aspecto organizativo de agricultoras familiares e campesinas locais em associações e cooperativas, e com resultados que promovam o empoderamento econômico e a resiliência dessas mulheres rurais.

Para isso, o FRM convidou uma organização de cada continente para apresentar um caso de seu território, e ofereceu tradução simultânea em espanhol, inglês e francês para que todas as participantes se entendessem. A COPROFAM – Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado, da qual a CONTAG é afiliada, foi convidada para representar a América do Sul, e escolheu uma experiência do Brasil para apresentar neste primeiro intercâmbio do Ciclo.

Outros dois continentes também foram representados neste seminário. Pela Ásia, a Associação de Agricultores Asiáticos para o Desenvolvimento Rural Sustentável (AFA) apresentou um caso da cooperativa Yen Duong, do Vietnam, e pela África, a Plataforma Regional de Organizações de Agricultores de África Central (PROPAC) apresentou a experiência do Coletivo de Mulheres Agricultoras Familiares (COFEAF) da República Democrática do Congo.

MOBI e a marca brasileira Café Feminino

O caso do Brasil é das mulheres da COOPFAM, cooperativa de Poço Fundo e região, em Minas Gerais, que se auto organizaram e em 2006 criaram o grupo MOBI – Mulheres Organizadas em Busca de Igualdade. O grupo reúne cooperadas produtoras de café e artesãs que produzem peças sustentáveis a partir de subprodutos do café, e além de oferecer um espaço de diálogo e troca de experiências entre essas mulheres, promove também atividades de capacitação em diferentes áreas, para que elas possam se desenvolver cada vez mais em suas atividades, gerando renda, autonomia financeira e melhoria da qualidade de vida de suas famílias.

A partir do MOBI nasceu, em 2012, o Café Feminino, que é uma marca de café orgânico produzido por essas mulheres, e que hoje é um dos cafés mais vendidos entre todas as opções da COOPFAM, sendo até mesmo exportado para outros países.

Abaixo você pode assistir o vídeo que foi apresentado pela COPROFAM no seminário, onde as próprias integrantes do MOBI contam a história do grupo e do Café Feminino:

Após a apresentação do vídeo e algumas palavras de três mulheres do MOBI – Flávia Penha, Dayany Ferreira e Vânia Marques (que é também presidenta da COOPFAM), a experiência foi comentada pela vice-presidente e coordenadora de Mulheres da COPROFAM, Elga Angulo, e pela especialista em Desenvolvimento Rural Sustentável do Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), Fátima Almada.

Elga comentou sobre o café ser um dos produtos mais importantes da região latina e requerido em todo o mundo, e que as mulheres que produzem o Café Feminino, ao apostarem em suas próprias maneiras e metodologias de produzir café, estão desafiando os estereótipos e criando independência econômica sem descuidarem das atividades cotidianas de suas outras jornadas.

Ela comemorou que casos exitosos como esses podem inspirar outras mulheres rurais a acreditarem em seus potenciais, e apontou os benefícios da associatividade para promover o desenvolvimento conjunto. “Podemos ver a importância da associatividade para estimular as produtoras, agregar valor às produções, melhorar os lucros, melhorando assim a qualidade de vida das mulheres envolvidas”, disse a dirigente da COPROFAM.

Para Fátima Almada, além dos aspectos técnicos da experiência, que apontam profissionalização do trabalho e inovação produtiva, comercial, social, chamou atenção também a incidência do grupo em espaços políticos de decisão da cooperativa, a variedade geracional do grupo, que tem mulheres de diferentes idades, e a importância ambiental do projeto, ao produzir organicamente e apresentar compromisso com o meio ambiente a partir dessa opção de cultivo do café. “E a conclusão mais importante é a felicidade dessas mulheres. Se vê no vídeo que elas estão confiantes, satisfeitas e felizes, e é isso que todas queremos para todas as mulheres”, completou Almada.

Experiências das produtoras africanas e asiáticas

O Seminário possibilitou conhecer, também por apresentação de vídeos e comentários de representantes dos casos, sobre a COFEAF, que envolve mulheres rurais de Maluku, na República Democrática do Congo, onde produzem mandioca e farinha para subsistência e também para venda, além de outras produções conforme a sazonalidade, como milho, batata doce, amendoim. Também se viu um pouco do trabalho realizado na sede do “Grupo de Mulheres Camponesas e Profissionais Agrícolas”, que promove o beneficiamento das produções para que sejam comercializadas de outras maneiras e gerem mais renda para as mulheres envolvidas. No vídeo as produtoras congolesas, entrevistadas em seus campos de trabalho, afirmam que todas essas atividades que se desenvolvem no âmbito desses grupos possibilitam que elas tenham autonomia econômica.

Veja o vídeo desta experiência no canal do Fórum Rural Mundial no Youtube, aqui:



Já a experiência do Vietnam é da cooperativa Yen Duong, localizada em uma comunidade rural de mesmo nome, que se organiza internamente com mulheres que produzem arroz, abobrinha, melão e outros alimentos característicos da região. A cooperativa desenvolve alianças e projetos com organizações estrangeiras, e se preocupa em incentivar a produção orgânica por parte de suas cooperadas.

A experiência vietnamita também pode ser vista aqui:

Após apresentadas todas essas experiências, o evento possibilitou que os participantes interagissem com comentários, antes de partir para o encerramento, feito pela representante da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Pauline Buffle. Ela mencionou o famoso ditado “A união faz a força” e destacou o grande valor que há em organizar as mulheres rurais e oferecer a elas opções de empoderamento econômico, político e social.

Por fim, a diretora do FRM, Laura Lorenzo, lembrou do pilar da Década da Agricultura Familiar que fala das mulheres e seu papel fundamental para o desenvolvimento da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena como um todo e em todo o mundo, e ressaltou o comprometimento do Fórum em seguir trabalhando nessa direção.

FONTE: Correspondente da COPROFAM - Gabriella Avila



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