Em matéria divulgada pela Carta Capital, dia 27 de fevereiro de 2021, o Diretor Executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, diz que o Brasil vive uma tragédia e ponderou que se não houver atenção redobrada, o sistema de saúde poderá não dar conta de combater a pandemia. Disse, ainda, que outros países mostraram ser possível conter as novas variantes do coronavírus, desde que sejam tomadas as medidas e recomendações já conhecidas por todas as nações: vacinação em massa, uso da máscara, higienização das mãos e das superfícies e evitar aglomerações.
Para o ministro da saúde do Brasil, Eduardo Pazuello, durante um pronunciamento em Brasília, dia 26 de fevereiro, admitiu que a chamada variante brasileira do coronavírus já é parte do cotidiano. E que o País enfrenta uma nova etapa da pandemia, ou seja, implicitamente, entende que o surgimento de novas variantes é um processo natural, o que temos é que conviver com isso, mesmo que muitas pessoas terão de perder suas vidas.
Importante destacar que, de acordo com estudo feito por pesquisadores da Fiocruz, foi identificado que adultos infectados pela variante brasileira P.1 do coronavírus, surgida no estado do Amazonas, tem carga viral quantidade de vírus no corpo dez vezes maior do que adultos infectados por outras "versões" do vírus, ou seja, a capacidade de se espalhar é bem maior.
Conforme matéria do Jornal Metrópoles, divulgada dia 1 de março de 2021, a taxa de ocupação de leitos no Brasil está muito alta. Em 17 estados, incluindo o Distrito Federal, a taxa de ocupação está acima de 80%. Nos demais a taxa de ocupação está entre 60 e 79%. A seguir situação dos estados: DF 97,4%; RO 96,4%; RS 96,4%; GO 96,3%; PR 96%; PE 92%; SC 91,45%; CE 91,35%; AM 90,91%; AC 89,6%; MS 89%; MT 88,96%; TO 87%; BA 85%; PA 83,79%; RN 82,2%; MA 80,85%; RR 79%; PI 79,9%; SP 73,2%; MG 73,55%; ES 72,77%; AL 67%; PB 69%; RJ 63,6%; SE 62,4%; e AP 61,98%. Especialistas consideram a seguinte classificação: acima de 80% - situação crítica; de 60 a 79% - situação média; e abaixo de 60% - normal. Considerando esta classificação, 73% dos estados brasileiros estão em situação crítica e 37% em situação média.
A partir desta situação, o governador do Piauí Wellington Dias, representante do Fórum de Governadores(a), em entrevista à Globo News, neste sábado (27), chamou a atenção para a urgência de uma ação articulada entre o governo federal e os governadores(a) de todo o País, disse o governador: O que queremos são medidas nacionais. Estamos em vias de um colapso nacional na rede hospitalar e, é necessário, então, uma ação nacional. Se um estado faz e o outro não faz, a gente vai estar enxugando gelo. Então, há necessidade de medidas em relação aos aeroportos, portos, ferrovias, pra gente ter uma condição de controle maior da entrada do vírus.
De fato, o governador tem razão, em 28 de fevereiro de 2021 o Brasil chegou a 255.018 óbitos desde o início da pandemia, alcançando pela segunda semana consecutiva a maior média móvel de mortes, 1.208 óbitos a cada sete dias.
Apesar de o Brasil ter um Programa Nacional de Imunizações (PNI) e uma rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) com experiência comprovada em vacinar 80 milhões de pessoas em três meses, o país apenas vacinou 3% da sua população, ficando em 40° lugar, quando comparado a outros países na proporção de pessoas vacinadas a cada 100 habitantes.
Diante de todo este contexto, a CONTAG, mais uma vez, vê com muita preocupação a postura do governo federal, que não assume a coordenação central no combate à pandemia, minimiza o impacto da doença, incentiva a aglomeração, desestimula o uso de máscara e sempre prioriza a economia em detrimento da necessidade de salvar vidas.
A CONTAG cobra do governo federal e dos governos estaduais e municipais o desenvolvimento de ações articuladas com vistas a acelerar o processo de vacinação em massa da população, bem como destaca a importância da sensibilização da população para a importância de se vacinar, de usar máscara de proteção, evitar aglomeração e respeitar o distanciamento físico.
Entre as prioridades, a CONTAG reivindica que os agricultores e agricultoras familiares, responsável pela produção de alimentos no País, sejam inseridos como público prioritário para vacinação, afinal, representa uma atividade essencial, que não pode parar. Sugere também aos prefeitos e prefeitas que façam a vacinação dos agricultores e agricultoras familiares, em especial dos mais idosos(as), em suas residências.
A Confederação ainda reforça a luta pela aprovação urgente da prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 enquanto durar a pandemia como forma da contribuir com a segurança alimentar e nutricional de milhões de pessoas que se encontram em situação de extrema pobreza. Além de prorrogar o auxílio, é fundamental aumentar o orçamento da Saúde e fortalecer o SUS para combater a Covid-19.
Diretoria da CONTAG FONTE: Diretoria da CONTAG