Em boletim divulgado no início da noite desta segunda-feira (06), o Ministério da Saúde expôs a sua mudança de estratégia ao propor a redução parcial do isolamento em cidades e estados que tenham, ao menos, 50% dos leitos e estrutura de saúde vagos. Conforme o MS, a medida já passaria a valer a partir da próxima segunda-feira, dia 13 de abril.
O documento divulgado pelo Ministério da Saúde traz a diferença entre dois tipos de isolamento e o bloqueio total e em que situações poderão ser aplicados a partir da próxima semana.
Distanciamento Social Ampliado (DSA): Estratégia que não tem limitações apenas para grupos específicos - todos os setores da sociedade devem permanecer em isolamento. Atualmente, é a estratégia recomendada, que restringe ao máximo o contato entre as pessoas de qualquer grupo. A partir do dia 13 de abril, cidades com mais de 50% da capacidade de atendimento médico disponível poderiam passar do Distanciamento Social Ampliado (DSA) para uma transição ao Distanciamento Social Seletivo.
Distanciamento Social Seletivo (DSS): Apenas alguns grupos ficam isolados. Pessoas com menos de 60 anos e sem condições que elevam o risco de casos graves poderão circular livremente.
Bloqueio total (lockdown): Nível mais alto de segurança com distanciamento de todos os cidadãos e também um bloqueio total de todas as entradas do perímetro da cidade/estado/país por profissionais de segurança. Ninguém tem permissão de entrar ou sair.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende o isolamento social como uma das principais medidas para o combate ao vírus. A suspensão da medida deve, segundo o órgão internacional, respeitar uma série de fatores, com uma estratégia de transição cuidadosa e gradual.
Casos de coronavírus no Brasil divulgados em 6 de abril: Secretarias estaduais de Saúde contabilizam 12.232 infectados em todos os estados e 566 mortos.
A infectologista Joana DArc Gonçalves reforçou que o afrouxamento das medidas de isolamento só deve ser implementado se houver estoque suficiente de equipamentos. Ela avalia que mudar a situação atual pode colocar tudo a perder. "Essa transição de uma fase pra outra tem que ser muito bem planejada. O que a gente sabe é que os serviços de saúde sofrem uma restrição, um déficit de recursos crônico. Então, se a gente abrir de uma forma não estruturada, sem ter os equipamentos adequados, a gente pode ter um retrocesso, a gente pode ter uma explosão da pandemia, um aumento do número de casos e não estarmos preparados", disse.
O infectologista Leonardo Weismann tem opinião semelhante. "Isso já feito anteriormente com vacinas, mas nunca com vírus potencialmente letal. É um grande risco. Precisamos lembrar sempre que pessoas de qualquer idade, com ou sem doenças crônicas, podem ficar doentes e morrer. Então, essa medida proposta hoje pode ser um risco para o sistema de saúde."
A mudança na estratégia do MS não repercutiu bem para representantes do Judiciário e do Legislativo. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou na noite de hoje que a mais alta instância do poder judiciário brasileiro não daria apoio a eventuais medidas de política pública que contrariem orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), no combate à pandemia do coronavírus. "Eu não tenho dúvidas que a adoção de uma política pública que viesse a contrariar as orientações da OMS, essa orientação não lograria suporte na Justiça brasileira e não lograria apoio no STF. Acho que teria, com certeza, os vetos do Supremo Tribunal Federal", disse ele, durante entrevista à CNN Brasil.
O presidente da CONTAG, Aristides Santos, discorda claramente da atitude do Ministério da Saúde e orienta os trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares a seguirem as orientações da Organização Mundial da Saúde e dos especialistas que entendem que é precipitada e sem planejamento, ou seja, irresponsável, as mudanças quanto às medidas de isolamento social. E é importante destacar que estamos em processo de contaminação acelerada e os especialistas alertam que abril será o pico de surgimento de novos casos. Portanto, vamos continuar em casa, na roça, evitando contatos, cuidado da higiene pessoal, produzindo alimentos e alimentando o Brasil, reforçou Aristides. FONTE: Com informações do Portal G1. Edição: Comunicação da CONTAG