Passados um ano e nove meses do registro do primeiro caso de infecção pela Covid-19 no Brasil, o País alcança a triste marca dos 600 mil mortes de brasileiros e brasileiras.
Desde o início da doença, o Brasil passou por duas ondas, a primeira de fevereiro a setembro/2020 e a segunda de dezembro de 2020 a maio de 2021. A tabela, a seguir, demonstra o comportamento da Covid-19 em nosso país:
A tabela demonstra que a concentração de óbitos a cada 100 mil mortes se deu de forma diferenciada:
Período de 26/02 a 08/08/2020 (165 dias), média de 606 mortes/dia;
Período de 08/08/2020 a 07/01/2021 (149 dias), média de 671 mortes/dia;
Período de 07/01 a 24/03/2021 (75 dias), média de 1.333 mortes/dia;
Período de 24/03 a 29/04/2021 (36 dias), média de 2.777 mortes/dia;
Período de 29/04 a 20/06/2021 (52 dias), média de 1.923 mortes/dia;
Período de 20/06 a 08/10/2021 (111 dias), média de 934 mortes/dia.
As informações desmontam os argumentos apontados pelo governo federal de que não haveria uma segunda onda da doença e que, em função da redução do número de casos e de óbitos, entre setembro a novembro, com média de 474 pessoas/dia, não haveria necessidade em acelerar compra de vacinas, como foi dito pelo presidente da República, a pandemia está indo embora.
Após a redução do número de óbitos no período acima citado, a partir de janeiro de 2021 deu-se início a segunda onda, alcançando o seu maior pique entre março a abril, chegando à triste marca de 2.777 mortes por dia, num período de 36 dias (24/03 a 29/04/2021). Neste período foram 100 mil vidas perdidas.
Diante da resistência do governo federal pela compra das vacinas houve uma enorme pressão da sociedade e movimentação de governadores(as) pela vacinação do povo brasileiro. Atualmente, temos quatro vacinas sendo aplicadas no Brasil: a Coronavac, a AstraZeneca, Pfizer e a Janssen. E, graças ao Programa Nacional de Imunização do SUS, após meses da primeira dose aplicada, o País já vacinou 148.856.842 milhões de brasileiros(as) com a primeira dose, 69,78% da população brasileira e 97.212.008 com as duas doses ou dose única, 45,57% da população.
O quadro, a seguir, demonstra a evolução do processo de vacinação no Brasil a cada intervalo de 100 mil mortes pela Covid-19.
Ao compararmos o maior número de óbitos de 2.777 pessoas/dia, de abril a maio, com o aumento do número de vacinados(as), vamos observar que com o avanço da vacinação contribuiu para baixar a média de óbitos por dia, hoje é de 438 pessoas/dia.
O descaso do governo federal com o tratamento da Covid-19 foi de tamanha proporção que não restou ao Senado Federal a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A comissão ainda não tem um relatório final, porém, os depoimentos até aqui realizados apontam para hipóteses de que o descaso do governo federal influenciou fortemente para o aumento do número de óbitos, quais sejam: o governo federal apostou na imunidade de rebanho e agiu deliberadamente para a circulação do vírus; resistência para a compra das vacinas, principalmente as das Coronavac e Pfizer; pressão do governo federal pelo tratamento precoce com o uso de medicamentos sem comprovação científica; questões ideológicas colocadas à frente da importância de salvar vidas prejudicaram a compra do Imunizante Farmacêutico Ativo (IFA) produzido na China, insumo necessário para a produção das duas vacinas produzidas no Brasil; fortes indícios de corrupção nos processos de compra das vacinas; e, mais recentemente, forte incidência da Prevent Senior na utilização de medicamentos precoces para o tratamento da Covid-19.
Diante desse contexto, a CONTAG vem a público repudiar a atuação do governo federal no enfrentamento à pandemia. Os resultados da CPI até aqui produzidos apontam que muitas vidas poderiam ter sido salvas se o governo federal tivesse seguido as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos profissionais da área.
Ao mesmo tempo, a Confederação presta a sua homenagem às pessoas vitimadas pela Covid-19, se solidariza com as mais de 600 mil famílias e amigos(as) em luto entre elas de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares e com a luta das(os) profissionais de saúde para preservar o direito fundamental à vida, mesmo estando em risco a sua. A vocês todo o nosso agradecimento em nome dos povos do campo, da floresta e das águas.
A CONTAG reforça que a pandemia não acabou e que vê com grande preocupação a flexibilização de medidas pelos governos federal, estaduais e municipais. Orientamos que as pessoas continuem seguindo as recomendações da OMS: vacine-se, use máscara, lave constantemente as mãos ou utilize álcool 70%, evite aglomeração, mantenha o distanciamento físico. As vacinas são muito importantes para reduzir as contaminações e mortes por Covid-19, mas é imprescindível manter os cuidados. Contamos com a colaboração de todas as pessoas!
Diretoria da CONTAG FONTE: Diretoria da CONTAG