A vida, a democracia, os bens comuns da natureza, as pessoas em especial as de maior vulnerabilidade social e os direitos estão em grande ameaça no Brasil. A cultura de morte e desprezo pela ciência e pelas medidas que preservam a vida está levando à ideia de que mais de 80 mil mortes e mais de 2 milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus é algo normal.
O valor central da democracia, que é a convivência, valorização e respeito à diversidade, está sendo sistematicamente atacado, assim como a Constituição, os demais poderes, a imprensa e as instituições. Nossa Constituição prevê o pluralismo, o respeito à dignidade da pessoa humana, a cidadania, a soberania, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa como os fundamentos da República Federativa do Brasil.
Cresce o desmatamento, os assassinatos e ameaças a lideranças, dirigentes, entidades, agentes públicos de fiscalização e os(as) defensores(as) de direitos humanos, fatos que estão prejudicando a imagem do Brasil no exterior com consequências para as relações comerciais e diplomáticas. Outro efeito visível é a escalada do machismo, do racismo, da violência e da discriminação contra mulheres, jovens, pessoas idosas, crianças e adolescentes, povos originários, negros(as) e as populações LGBTQIA+.
A preocupação está mais em manter as empresas que os empregos, quando os dois são igualmente importantes. Tudo o que se relaciona ao sindicalismo e ao seu papel de representação, luta e acesso a direitos, controle social e mediação das relações de trabalho é atacado a cada proposta que o governo apresenta, a exemplo da reforma da Previdência Social e as diversas Medidas Provisórias que tentam aprofundar ainda mais a reforma trabalhista. A cada dia as entidades do MSTTR são retiradas de espaços de diálogo, de construção e implementação de políticas públicas, desrespeitando o seu papel de legítimas representantes da agricultura familiar brasileira.
Assistimos a uma total desconstrução da importância do trabalho e do(a) trabalhador(a) para a produção da riqueza do país e a sua condição para o bem-estar das famílias. Qualquer proposta de reconstrução da economia deve passar pelo papel central do trabalho e da dignidade da pessoa humana, a proteção do meio ambiente e a importância do Estado em prover direitos sociais fundamentais.
Neste cenário, cresce a importância, a responsabilidade e o papel do sindicalismo rural e urbano brasileiro como a vanguarda, a trincheira dos trabalhadores e trabalhadoras no enfrentamento à pandemia em defesa da vida, da democracia, dos direitos, do meio ambiente, da produção de alimentos, da justiça social e do desenvolvimento sustentável e solidário como essenciais para a superação da crise sanitária, política e econômica.
É fundamental continuarmos nos articulando com os demais setores e organizações da sociedade comprometidas com esses pressupostos para derrotarmos a necropolítica, inclusive nas eleições municipais desse ano. Temos que ocupar os espaços de debate nacional, de combate à desinformação (fake news) e construir estratégias unitárias de mobilização para combatermos o vírus do ultraneoliberalismo, que está destruindo vidas, as políticas públicas e o papel do Estado como o principal indutor do desenvolvimento sustentável e solidário.
Continuaremos aprofundando o debate sobre essa realidade e as suas consequências para os(as) agricultores(as) familiares e na defesa histórica desses pressupostos que são fundantes do nosso Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR). FONTE: CONTAG, Federações e Sindicatos