A 50ª Sessão Plenária do Comitê de Segurança Alimentar Mundial das Nações Unidas (CSA) aconteceu nesta semana, entre os dias 10 e 13 de outubro, em Roma, na Itália, e a CONTAG foi uma das organizações presentes, levando propostas para compor a declaração do Mecanismo da Sociedade Civil (MSC), formado por organizações da sociedade civil de diversas regiões do mundo. Essa declaração é apresentada por esse setor aos ministros e demais autoridades governamentais que debatem na Plenária.
A CONTAG foi representada, nessa agenda, por seu vice-presidente e secretário de Relações Internacionais, Alberto Broch, que também representou a Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (COPROFAM), da qual é presidente.
“Na conversa entre as organizações da sociedade civil, levantamos a necessidade de dialogar com os governos presentes na 50º CSA sobre a priorização de políticas de redução da fome em todos os países. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) afirma que chega a 850 milhões o número de pessoas que passam fome no planeta, em todas as regiões, e sabemos que a Agricultura Familiar pode colaborar para reverter essa situação, mas precisa de políticas públicas de apoio para acessar os recursos naturais e outras questões necessária para produzir esses alimentos com qualidade, sustentabilidade e geração de renda”, disse o dirigente, referindo-se às propostas apresentadas pelo MSC.
Outras pautas levantadas pela Sociedade Civil neste contexto foram no sentido de cobrar mais atenção dos governos às mudanças climáticas, às formas de produção sustentável, como a Agroecologia, e à criação de políticas públicas específicas para mulheres e jovens rurais que possibilitem a permanência no campo com condições dignas de trabalho e vida, entre outros pontos. E que os governos tenham em conta que está em vigência a Década da Agricultura Familiar, uma campanha focada em impulsionar o setor visando melhorias estruturais nos sistemas alimentares, sociais e ambientais.
Aproveitando a presença do dirigente em Roma para esta agenda, a Secretaria de Relações Internacionais da CONTAG marcou uma série de audiências com referentes de algumas das principais agências internacionais de cooperação: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e Coalizão Internacional da Terra (ILC). O objetivo das reuniões foi dialogar com essas equipes sobre os projetos da COPROFAM e da CONTAG, sobre a Década da Agricultura Familiar e outros assuntos importantes para a luta pelo desenvolvimento sustentável da agricultura familiar.
O 4º Festival Nacional da Juventude Rural, que será promovido pela CONTAG em abril de 2023, e a Marcha das Margaridas, em agosto do mesmo ano, foram os principais projetos apresentados pelo vice-presidente. Além de fazer o convite às equipes de todas as agências a participarem presencialmente dessas ações no Brasil, Broch também pediu apoio delas para conseguir levar mais jovens e mulheres à Brasília, onde serão realizadas ambas mobilizações. A ILC, que recebeu a CONTAG no escritório da organização em Roma, no dia 11, com seu diretor Mike Taylor e uma equipe que conta com uma brasileira, a especialista em Políticas Temáticas e Globais Cristina Timponi, foi uma das agências que recebeu o pedido e irá avaliar as possibilidades de fornecer apoio.
No escritório do FIDA, Alberto Broch foi recebido na terça-feira, 12, pela vice-presidente mundial do Fundo, Dra Satu Santala, e no diálogo com ela pediu uma abertura da agência para promover projetos diretamente com as organizações, e não somente com os governos dos países, como acontece hoje. Ele destacou à CONTAG e às demais organizações parceiras da América Latina que tem muito interesse em contribuir com políticas que fortaleçam o acesso da agricultura familiar aos recursos naturais, como forma de se desenvolver e ser uma ponte estratégica para diminuir a desigualdade social e a fome nas regiões do mundo.
Já na sede da FAO, as audiências foram no primeiro momento com o diretor de coordenação da secretaria da Década da Agricultura Familiar, Guilherme Brady, (1ª foto da matéria) onde conversaram exclusivamente sobre estratégias de implementação da Década no Brasil e em toda a região latina, e em outro momento com o subdiretor de Terra e vários outros programas da FAO, Adriano Campolina, em que focaram na importância de reforçar com os governos a importância das políticas para acesso aos recursos naturais pelos agricultores e agricultoras familiares.
Ao final de sua intensa agenda de audiências ao longo desta semana, Broch afirma: “Todas essas agências promovem iniciativas de apoio à Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena em várias partes do mundo, e queremos, enquanto CONTAG e COPROFAM, colaborar com essas iniciativas e fazer com que elas beneficiem as famílias agricultoras de nossa região. Por isso, é tão importante estar em constante diálogos com essas equipes”.
A última audiência em Roma foi nesta quarta-feira, 12, novamente com o FIDA, com uma equipe comandada pela coordenadora da América Latina e Caribe do Fundo, Rosana Polastri. Neste encontro, o presidente da COPROFAM aproveitou para agradecer a parceria do FIDA com a Confederação através do Programa de Diálogos Políticos para Transformações Rurais (PDRT), que a COPROFAM executou entre 2019 e 2022, e debateu sobre a possibilidade de realizar um novo convênio nos mesmos moldes, visto o sucesso do PDRT. “A equipe do FIDA foi receptiva à nossa proposta, e afirmou que estaria disposta a nos ajudar a encontrar fontes doadoras de outras instituições no caso de não poder colaborar diretamente”, avaliou Broch.
Fonte: Jornalista da COPROFAM – Gabriella Ávila