Nos dias 01 a 03 de outubro, foi realizada a Oficina Técnico-Científica: Agricultura Familiar e Mudança Climática, que reuniu cerca de 50 pessoas, no auditório Margarida Alves, em Brasília. Estiveram presentes representantes da CONTAG, da Embrapa, do Observatório do Clima, do Grupo de Estudos em Agricultura, Alimentação e Desenvolvimento (GEPAD), da Fiocruz, do MDA, do Regenera e Ipam.
A atividade teve como objetivo orientar as ações previstas
no acordo de cooperação geral, firmado entre a CONTAG e a Embrapa.
A secretária de Meio Ambiente da CONTAG, Sandra Paula Bonetti, explicou que a parceria da CONTAG com a Embrapa foi retomada a partir do Grito da Terra Brasil e a partir dos Encontros Regionais de Mudanças Climáticas e Agricultura Familiar onde se percebeu a necessidade de fazer esta oficina para pensar estratégias colaborativas de desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e para estruturar um plano de ação.
“A agenda de clima é uma discussão diplomática que passa pelo olhar do campo. A agricultura familiar precisa se apropriar da pauta para se fazer presente e se consolidar como parte da solução. Nesse sentido, a Embrapa pode oferecer informações essenciais para essa consolidação, por isso é preciso reforçar essa parceria. Avalio que essa colaboração renderá bons frutos para avançar especialmente na agroecologia e mostrar o quanto que a agricultura familiar, em toda sua diversidade, é importante nesse combate às mudanças climáticas”, compartilhou Sandra Paula.
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio
Astrini, valorizou a parceria com a CONTAG e considerou que a jornada realizada
nos seminários regionais possibilitou desenvolver um pensamento novo sobre a
agricultura familiar em relação a agenda climática. Disse ainda que é
fundamental que a agricultura familiar encontre seu espaço na agenda de clima e
se consolide nesse espaço, já que hoje esta agenda é ocupada por outros setores,
mas reforçou a necessidade de se apontar métricas do quanto a agricultura
familiar é capaz de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
O diretor de Pesquisa e Inovação, Clenio Pillon, representou
a Embrapa na abertura do evento e enfatizou “queremos colocar o melhor da
ciência, da pesquisa agropecuária e da capacidade de articulação da Embrapa à
disposição dos agricultores familiares e suas organizações para o enfrentamento
aos desafios das mudanças do clima e seus impactos sobre a segurança alimentar
e sobre a biodiversidade em especial.”
Segundo o pesquisador da Embrapa Evandro Holanda, a
formalização de um ACT entre a Embrapa e a CONTAG tem como foco a construção de
iniciativas conjuntas que promovam a resiliência climática da agricultura
familiar. “A oficialização desse acordo proporcionará segurança jurídica e
permitirá o desenvolvimento de projetos e iniciativas conjuntas de forma mais
estruturada. Nosso objetivo é continuar incentivando essa participação em
espaços de diálogo, como esta oficina, promovendo o fortalecimento de redes
colaborativas que integrem conhecimentos técnico-científicos e práticos sobre
adaptação climática e agricultura familiar.”
Para a secretária de Política Agrícola da CONTAG, Vânia
Marques Pinto, “a oficina é um marco na parceria, que se reafirma por meio do
Acordo de Cooperação Técnica com a Embrapa. Nesses três dias de diálogos foi
possível construir um diagnóstico e elementos centrais para a atuação da
Embrapa junto à agricultura familiar brasileira. Conseguimos também balizar
temas e objetivos para construir o nosso plano de ação que vai compor nosso
ACT. Saímos com a convicção de que podemos avançar muito na pesquisa e
extensão, construindo uma base de dados a partir da pesquisa e também com ações
efetivas nos territórios.”
A programação contou com discussões sobre o contexto
geopolítico sobre segurança alimentar e mudanças climáticas, com colaboração do
professor da Universidade Federal do ABC, Arilson Favareto; bem como sobre
Saúde única com inteligência cooperativa e territorial para enfrentar as crises
sanitárias e climáticas trazido por Wagner Martins Jesus da FIOCRUZ .
Ao final do evento, foi elaborado um plano de trabalho
integrado entre as duas instituições, a ser formalizado por meio de um Acordo
de Cooperação Técnica (ACT).
Por Malu Souza / Comunicação CONTAG