Com o objetivo de articular programas e ações que estimulem a permanência de jovens no campo, sucedendo os pais na produção rural, a CONTAG participou do debate sobre o projeto de lei que cria o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural, nesta quinta-feira (20), na Câmara dos Deputados.
"Agricultor familiar não vive sem política pública e eu vejo o Rio Grande do Sul, duramente castigado pelas enchentes e catástrofes, uma nova forma do êxodo rural devidos as dificuldades que se tem. Nós precisamos enfatizar a nossa cartilha do movimento sindical, que fala da sucessão rural, de manter o jovem no campo, mas com as ferramentas e com as políticas que são necessárias para poder fazer esse trabalho", compartilhou o deputado federal Heitor Schuch (PSB-RS).
A sucessão rural passa por inúmeros desafios, dentre eles, a falta de conhecimento de que não se trata apenas da transferência de posse, herança e bens. Ela também significa a continuidade das práticas culturais, históricas e tradicionais de produção e cultivo. Permanecer no campo implica em ter acesso a direitos e políticas públicas para que a família tenha uma vida digna.
A assessora da Secretaria de Jovens Trabalhadores(as) Rurais da CONTAG, Lyvian Sena, abordou que “quando a gente senta aqui estamos representando uma juventude muito grande que está nos seus territórios trabalhando, se esforçando, desejando e sonhando muito. Nós observamos uma juventude desejosa, que almeja um mundo diferente, aliando tradição e inovação, que quer ficar e fazer luta no seu território, mantendo sua cultura e tradições, que trabalha junto com a sua família, da sua comunidade e reforçando os seus laços.”
O Projeto de Lei nº 9.263, de 2017, institui a Política e o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural, visando integrar e articular políticas, programas e ações para a promoção da sucessão rural e a garantia dos direitos da juventude que vive no meio rural.
A proposição busca reconhecer a juventude rural como segmento social composto por jovens rurais da agricultura familiar com idade entre 15 e 29 anos e sucessão rural como a dinâmica social de sucessão intergeracional entre os componentes do estabelecimento rural da agricultura familiar.
“Os nossos agricultores e agricultoras sabem produzir e produzem muito, mas comercializar é muito difícil. Então, é importante quando a gente tá aqui debatendo e falando exatamente disso: da necessidade de assistência técnica, infraestrutura, possibilidades de escoar a produção e de conseguir comercializar o produto produzido pela agricultura familiar, de forma sustentável e protegendo o nosso ecossistema. Sem renda, a nossa juventude não fica no campo”, compartilhou Lyvian Sena.
Para a CONTAG, o êxodo da juventude rural precisa ser combatido, com políticas públicas efetivas, não essas que mudam de acordo com a ideologia do governo e colocam em risco a sucessão geracional da agricultura familiar, com implicações diretas sobre a segurança e soberania alimentar, hídrica e energética do país.
Por Malu Souza / Comunicação CONTAG