As mulheres assumem historicamente um papel fundamental na construção da agroecologia, desenvolvida desde sempre a partir do trabalho das mulheres em seus quintais produtivos.
“As mulheres cuidam da terra e dos bens comuns, cultivam alimentos saudáveis nos seus quintais produtivos, resgatam e valorizam as culturas alimentares e os modos de vida dos povos do campo, da floresta e das águas e contribui na garantia da soberania e segurança alimentar”, explana a secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG, Mazé Morais.
E embora as mulheres rurais atuem em todo o processo produtivo, historicamente o seu trabalho não tem o devido reconhecimento. O entendimento de que o trabalho da mulher na agricultura é provisório e meramente complementar ao trabalho masculino, está enraizado na sociedade.
“Então, a agroecologia é um modo de vida, pra isso, precisamos ter acesso à terra, ao território e à água, e das práticas de respeito e cuidado com a biodiversidade e os bens comuns. E reafirmamos que a agroecologia é uma das principais bandeiras de luta da CONTAG e da Marcha das Margaridas”, complementa a secretária.
A agricultora familiar de base agroecológica, com certificação, e presidente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Piatã (BA), Marisa Alves, contou um pouco sobre a sua vivência.
“Sou produtora agroecológica e na minha propriedade a gente planta basicamente tudo que é pra nossa alimentação. A gente consegue produzir grãos, hortaliças, mandiocas, frutas, cria vaca leiteira e galinhas. Basicamente, tudo o que a gente usa para se alimentar vem da nossa cultura. O excedente de tudo isso a gente vende na feira de Piatã ou faz entrega nos municípios vizinhos.”
Curso Nacional de Mulheres e Agroecologia
Com o objetivo de possibilitar uma construção coletiva de conhecimento sobre diferentes conceitos, que permite ir além das práticas produtivas, como modo de vida e de relação com a natureza, a CONTAG realizou o Curso Nacional de Mulheres e Agroecologia – Módulo I, do dia 19 a 22 de março.
“Participar desses momentos é muito rico porque a gente vê as experiências de diferentes estados, de outras companheiras, que também vivem a agroecologia. Então, alguns pontos que estão adormecidos vão se despertando e nos reiniciando para utilizar na nossa comunidade e propriedade”, afirma a quebradora de coco, Cícera Soares, assentada do Bico do Papagaio (TO).
Algumas temáticas abordadas neste módulo foram:
- Porque Sem Feminismo não há agroecologia
- Feminismo Camponês e Popular, feminismo negro, indígena e comunitário
- Economia Feminista, Divisão Sexual do Trabalho, Soberania e Segurança Alimentar
- A importância dos quintais produtivos e a chamada técnica a nível nacional
- Participação e incidência política das mulheres rurais na luta pelo bem viver, os bens comuns e a agrobiodiversidade
Fonte: Comunicação CONTAG – Malu Souza