Fortalecer para não retroceder: juntas somos mais! 350 agricultoras familiares, dirigentes sindicais, continuam unidas para debater temáticas que fazem parte das vivências e da luta coletiva das mulheres.
O 2º dia da 8ª Plenária Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais iniciou com o painel temático 2 “Mulheres: organização, poder e participação - avanços e desafios”, coordenado pela secretária de Política Sociais da CONTAG, Edjane Rodrigues, e com as painelistas Carmen Foro (CONTAG) e Cícera Nunes (FETAPE).
A secretária de Mulheres da FETAGRI-MT, Melissa Vieira, avalia que a plenária das mulheres é um momento importante para a participação das mulheres no 14º Congresso da CONTAG e no movimento sindical.
“É na plenária que nós debatemos as propostas que vão ser apresentadas no 14º Congresso da CONTAG em forma de resoluções. Então, é um momento de construção coletiva, unidade, onde as mulheres se unem em prol das mulheres dentro do movimento sindical. Estou levando de aprendizado as diversas falas das mulheres, principalmente a importância das mulheres nos espaços políticos, de decisões, se colocando à disposição como candidatas à vereadoras, prefeitas e deputadas, porque é importante as mulheres estarem em outros espaços”, compartilha a jovem secretária.
Para a diretora de Mulheres, Organização e Formação Sindical da FETAES, Fabiana Deluca, a 8ª PNMTR trouxe questões cruciais para que as mulheres possam se reconhecer, identificar e valorizar, enquanto sujeitos políticos de transformação.
Ela compartilha que “a plenária nos provoca a rever a nossa posição, articulação, mobilização e unidade das mulheres para que possamos avançar a passos largos. Nós avançamos ao longo da história das mulheres, mas precisamos avançar muito mais, principalmente neste cenário saindo das eleições. O resultado nos mostra o quanto que as mulheres saem fragilizadas do ponto de vista de representatividade. Então, esse espaço da plenária nos mostra o quanto as mulheres precisam se empoderar, se posicionar e assumir ser mulher em qualquer espaço de poder de decisão.”
Ainda, durante o dia, as mulheres estiveram em debates estruturados em: conjuntura; desafios para a agricultura familiar e para o MSTTR, na perspectiva das mulheres; elementos estruturantes do PADRSS; estratégias para a ação político-sindical na perspectiva das mulheres; e plano de lutas.
Os Grupos de Trabalho foram como:
GT 1 e 2 - Mulheres e o Fortalecimento da Agricultura Familiar
GT 3 e 4 - Organização e Participação Política das Mulheres
GT 5 - Sustentabilidade Político-Financeira e o fortalecimento da estrutura sindical
GT 6 - Formação político-sindical com base na Educação Popular feminista
A agricultura familiar e liderança de Pinheiro Machado (RS), Maribel Moreira, participou pela primeira vez da Plenária Nacional de Mulheres presencialmente e conta que participar é um marco da luta das mulheres, principalmente pelas que passaram por aqui, das ancestrais, como mães e avós que não tiveram o direito de poder ter vez e voz.
“É um marco na minha vida, quanto mulher e sindicalista, porque presencialmente nós nos sentimos parte e pertencentes. Mesmo que sejamos mulheres de diferentes regiões do Brasil, nós enfrentamos problemas muito semelhantes na nossa vida, enquanto mulher, sujeitos políticos e históricos. O que me traz até aqui é a força das mulheres que me geraram e me transformaram. Nessa plenária nós podemos olhar para um documento que decide do nosso futuro, do movimento sindical e do Brasil. Nós mulheres somos 45% da força desse trabalho e ainda temos desafios muito grandes, como a sobrecarga do trabalho da mulher, a invisibilidade, a questão da violência e o fortalecimento das políticas públicas para as mulheres do campo, das florestas e das águas”, compartilha
“Essa luta não é fácil, mas vai ter que acontecer. A mulher organizada vai chegar lá no poder.”
Emily Martins, do município de Maranguape (CE), com apenas 21 anos foi eleita vereadora, a mais jovem da história do município, e compartilha que “eu sempre tive a vontade de adentrar dentro da política por conta da necessidade, tanto da juventude quanto das mulheres, de trabalhar de fato pelas pessoas e lutar por políticas públicas melhores para nós. Muita felicidade, muita gratidão, eu ainda estou em êxtase e eu não consigo explicar o misto de sensações que eu sinto todas as vezes que eu me lembro de que eu sou vereadora eleita do meu município com apenas 21 anos de idade.”
A vereadora reeleita Renilda Santos, do município de Água Fria (BA), conta que “o que me motivou foi a necessidade e a carência do nosso povo. Nós estamos aqui em busca de desenvolver ações voltadas para a agricultura familiar. Nós fazemos uma luta construtiva diariamente para que nós mulheres possamos ocupar os espaços de decisões. Que é mais uma motivação para que possamos também nos incluir, transformar o nosso município e a nossa sociedade com mulheres na política para termos condições de avançar.”
Paridade é o mínimo!
Por Malu Souza / Comunicação CONTAG