Jovens rurais de distintos países da região da América Latina, entre eles o Brasil, foram os/as grandes protagonistas de um festival online internacional realizado por um grande time de organizações ao longo deste segundo semestre de 2021. O Festival Latino Americano de Juventudes Rurais buscou promover diálogos sobre políticas públicas específicas para a juventude do campo, ao mesmo tempo em que deu destaque a importantes experiências e projetos exitosos coordenados por jovens rurais, que ilustram o potencial transformador dessas políticas e o caráter inovador destas novas gerações de agricultores e agricultoras de nosso continente.
A organização deste festival envolveu diferentes organizações políticas, como as agências internacionais multilaterais FAO e FIDA (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura e Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), a Reunião Especializada da Agricultura Familiar do Mercosul (REAF), o PROCASUR, a Cooperativa das Américas e o Foro Mundial da Alimentação. Envolveram-se também os governos da Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Costa Rica, e, entre as organizações representativas da sociedade civil, esteve a CONTAG, que participou como membro da COPROFAM.
Cada uma dessas organizações teve como referências e pontos focais jovens que indicaram os temas mais importantes para a juventude rural na atual conjuntura, e que também contribuíram para o desenvolvimento da atividade na prática. Todos/as os/as jovens convidados/as foram incentivados a contarem as histórias de seus projetos, contemplando os desafios que encontraram, os apoios que receberam, e os impactos positivos alcançados em cada experiência.
Foram oito seminários de intercâmbio, que ficaram gravados e estão disponíveis para assistir a qualquer momento no canal da FAO no Youtube (em português e espanhol) os links para acesso direto estão organizados por eixo na continuação desta nota. Estes intercâmbios se organizaram em torno de três eixos temáticos estratégicos:
Eixo 1: Institucionalidade e Juventude: os jovens como agentes de transformação
Para abrir os trabalhos do Festival, no dia 10 de agosto, o primeiro intercâmbio abordou o tema Marcos Institucionais para as Juventudes, onde representantes dos governos da Costa Rica e Uruguai apresentaram as instâncias desenvolvidas localmente para desenvolver políticas exclusivas para jovens.
Outro tema de muito interesse no âmbito desse eixo foi Juventudes nas Organizações Rurais, apresentado em 14 de setembro, onde pudemos conhecer mais sobre o trabalho e a relação dos/das jovens rurais em cinco grandes organizações latinas: a Comissão de Jovens Multiplicadores e Multiplicadoras da Agroecologia, do Brasil; a Comissão Nacional de Fomento Rural, do Uruguai, o Programa de Diálogo Rural Regional, da América Central, e duas entidades argentinas: Movimento Campesino de Santiago del Estero, da Argentina, Federação Nacional Campesina da Argentina.
Eixo 2: Empoderamento e Autonomia Econômica da Juventude
A geração de renda é uma das pautas mais importantes para que a juventude rural possa permanecer e se desenvolver economicamente no campo com dignidade. Por isso, um dos intercâmbios promovidos pelo Festival foi o Emprego e Empreendimento das Juventudes Rurais, apresentado no dia 31 de Agosto, com o protagonismo de jovens do Chile, Brasil, Uruguai e Guatemala, que assumiram projetos familiares já existentes ou desenvolveram projetos inclusivos para jovens de toda a comunidade onde se encontram.
Já acesso à tecnologia é um dos fatores contribui para o desenvolvimento da autonomia econômica, possibilitando que os/as jovens possam inovar de diferentes maneiras em suas comunidades rurais, com excelentes resultados refletidos em melhoria de qualidade de produção, de comercialização, etc. Nesse sentido, outro tema trabalhado dentro do Eixo 2 do Festival foi Juventudes Rurais e Inovação Tecnológica, que buscou valorizar experiências de acesso e uso de tecnologias digitais, mesmo diante das dificuldades que muitas zonas rurais encontram para ter acesso a recursos digitais.
Mais uma vez buscou-se abordar a diversidade de culturas dos países latinos, e foram convidados(as) jovens da República Dominicana, Honduras, Colômbia e Peru, que contaram sobre os processos de uso de tecnologias digitais para valorizar e comercializar as produções de alimentos de suas comunidades.
Dando sequência ao tema da tecnologia, o intercâmbio do dia 2 de novembro focou nas Tecnologias da Informação e Comunicação, conhecidas como TICs, e sua utilização por jovens rurais em quatro diferentes projetos: na Guatemala o Chispa Rural: Comunicadores com Chispa, na Costa Rica o trabalho de comunicação na Reserva Indígena Huaravito/Sítio Natural Sagrado, na Colômbia a equipe da Organizações de População Deslocada Montes de Maria, em El Salvador o projeto El Oro Verde.
E, para garantir que jovens tenham condições dignas de trabalho e vida no campo, eles e elas precisam de acesso a serviços de crédito, assistência técnica, educação, saúde, entre outros. Muitas vezes esses serviços não chegam com facilidade às comunidades rurais, e os próprios jovens precisam desenvolver maneiras de melhorar o acesso ou ter o auxílio de outras instâncias governamentais ou multilaterais para viabilizar isso.
No intercâmbio Jovens Rurais e Acesso a Serviços, que marcou o encerramento do Festival no dia 9 de novembro, recebeu-se no espaço online uma representante do órgão governamental chileno Instituto de Desenvolvimento Agropecuário (INDAP), um especialista em juventude rural do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), uma representante da empresa TeleSan, de Honduras e outro da Associação de Jovens pela Terra e da rede Mais Juventude e Produção Sustentável, da Colômbia.
Eixo 3: Agenda Ambiental e Climática
A pauta da sustentabilidade é de interesse de todas as populações, independente da idade, mas nesse festival se apresentou com o recorte da juventude e das iniciativas que estão sendo promovidas pelas novas gerações em pequenas comunidades latinas para abordar questões ambientais e climáticas juntos às produções de alimentos pela pequena agricultura.
No dia 7 de setembro, o tema trabalhado pelo festival foi Juventudes Rurais e Acesso a Recursos Naturais, onde conhecemos um projeto de gestão integral da água do Rio Poás, na Costa Rica, o acesso à água potável por uma comunidade indígena e criola no Chaco, Argentina, e um empreendimento ecoturístico manejado por jovens em Tacaná, na Guatemala.
E com o foco em técnicas voltadas para gerar alimentos de qualidade em harmonia com a natureza e os recursos, tema totalmente ligado à agenda ambiental, no dia 12 de outubro houve o intercâmbio Juventudes Rurais e Produção Sustentável. Dessa vez, contaram suas experiências duas mulheres jovens, uma representante da reserva indígena Asopamurimajsa da Colômbia e a outra de uma associação do povo maia da Guatemala chamada Café e Justiça. Também participaram dois rapazes representantes de casos de êxito que envolvem produção sustentável: no Movimento de Trabalhadores Excluídos da Argentina e uma produção de lenha e carvão ativado no Chile.
https://www.youtube.com/watch?v=j6b4Gcr-HWE&ab_channel=FoodandAgricultureOrganizationoftheUnitedNations
FONTE: Correspondente da COPROFAM - Gabriella Avila