Cerca de 200 agricultores e agricultoras familiares de comunidades em conflito na Mata Sul de Pernambuco realizaram na segunda-feira (25 de julho) uma marcha no município de Ribeirão e um ato em frente ao Fórum da cidade para denunciar as mais recentes tentativas de despejo e expulsão contra famílias camponesas posseiras da região. A diretora de Política para o Meio Ambiente, Rosenice Nalva, e o presidente do SIndicato de Barreiros, José Ramos, acompanharam o ato.
Com faixas com os dizeres “Queremos justiça para quem mora e trabalha na terra. Basta de leilões!”, os agricultores e agricultoras reivindicam a anulação dos leilões judiciais dos imóveis onde residem e exercem posse há décadas. As terras alvo dos leilões estão no nome de antigas e desativadas usinas produtoras de açúcar e álcool, as quais acumulam dívidas milionárias tanto com o poder público quanto com ex-trabalhadores e trabalhadoras.
Estima-se que os leilões judiciais colocam em risco a permanência na terra de mais de 1.200 famílias agricultoras posseiras apoiadas pela Fetape e CPT - incluindo credoras das usinas. Os casos mais graves e de risco iminente são os da comunidade de Fervedouro, em Jaqueira, e de Roncadorzinho, em Barreiros, onde uma criança de 9 anos foi assassinada em fevereiro deste ano.
A abertura desses leilões vem sendo questionada pelas agricultoras e agricultores e organizações sociais por conter indícios de fraude, subavaliação do preço dos imóveis e ainda por haver o desrespeito dos direitos que as famílias já adquiriram em relação à terra, em função dos longos anos de posse. As famílias ainda alertam que os arremates podem alimentar um esquema de “lavagem de terras” no local, uma vez que os imóveis podem ser readquiridos a preços vis por pessoas ou empresas ligadas às Usinas devedoras, livrando assim os imóveis das dívidas fiscais e trabalhistas a que estão vinculados.
Participaram da mobilização, camponeses e camponesas das comunidades de Roncadozinho, de Barreiros; Canoinha, de Tamandaré; Barra do Dia, Couceiro e Tambor, de Palmares; Fervedouro, Barro Branco, Caixa D'Água e Laranjeira, de Jaqueira, e Batateira, de Maraial.
Fonte: Comunicação FETAPE |