Dos dias 21 de outubro a 1º de novembro, representantes de mais de 190 países estiveram reunidos em Cali, na Colômbia, para a 16ª Conferência das Partes (COP16) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). É o principal fórum que trata da cooperação internacional pela conservação e o uso sustentável da biodiversidade e reuniu cerca de 20 mil participantes, segundo estimativa do governo colombiano.
A cúpula esteve incumbida de encontrar maneiras de interromper o declínio da natureza até 2030, à medida em que os seres humanos impulsionam a perda de habitat, as mudanças climáticas, a poluição e outras atividades que destroem a biodiversidade.
Nesse sentido, as principais discussões foram sobre o financiamento e a necessidade de aumentar investimentos em conservação. A meta estabelecida é de US$ 200 bilhões por ano, até 2023, para ajudar na restauração e conservação da natureza.
Por entender a importância da discussão e levar a contribuição feita pelos agricultores e agricultoras familiares brasileiros para a biodiversidade, a CONTAG esteve representada pelos assessores Raul Zoche e Luiz Vicente Facco durante a primeira semana da conferência.
Com a participação em diversos eventos paralelos, a CONTAG reforçou a importância dos modos de produção tradicionais, da agroecologia e da forte relação dos agricultores familiares com a conservação da biodiversidade e mitigação climática.
Assessores Luiz Vicente Facco e Raul Zoche com representantes da agricultura familiar de diferentes países.
Segundo Raul Zoche, é fundamental que a agricultura familiar se faça presente nesses espaços onde são tomadas decisões que afetam diretamente a vida da população do campo, das florestas e das águas. Para Luiz Vicente Facco, a conferência é uma oportunidade de interagir com organizações da agricultura familiar de todas as partes do mundo, dividir experiências e criar estratégias de articulação conjunta.
A previsão era das discussões oficias da COP16 serem encerradas dia 1º de novembro, mas a falta de consenso entre os países sobre a criação do Fundo Global de Biodiversidade, mecanismo de financiamento previsto na primeira conferência, gerou tensão e antecipou o fim do evento por falta de quórum. Representantes de países desenvolvidos deixaram o espaço oficial antes dessa discussão que foi deixada para o último dia.
Segundo a secretária de Meio Ambiente da CONTAG, Sandra Paula Bonetti, esta situação causa grande preocupação. “Precisamos avançar na conservação da biodiversidade de forma justa. E mesmo com todas as diferenças e dificuldades, as conferências da ONU ainda são o melhor espaço para dialogar sobre os interesses globais ligados às agendas ambientais. Esperamos que na COP29 do clima, que acontecerá entre 11 e 21 de novembro no Azerbaijão, tenhamos resultados mais robustos quanto a adaptação e mitigação climática para ajudar a agricultura familiar a enfrentar os desafios da crise ambiental.”
Por Malu Souza / Comunicação CONTAG, com informações das assessorias de Meio Ambiente e Relações Internacionais.