Como integrante do Comitê Gestor do Fórum de Lutas pela Terra e pelos Recursos Naturais, a CONTAG participou, nesta semana, de uma reunião que inicia a organização da próxima edição do Fórum de Lutas pela Terra (FLT), reunião global que teve sua última edição celebrada em 2016 e agora trabalha com a previsão de que um novo encontro mundial aconteça em 2026. O FLT promove um grande debate global sobre reforma agrária e acesso à terra nos países, visando o uso desse recurso fundamental para contribuir para a soberania alimentar da humanidade.
A CONTAG foi representada por seu vice-presidente e secretário de Relações Internacionais, Alberto Broch, pelo secretário de Política Agrária, Alair Luiz dos Santos, e pela secretária de Jovens, Mônica Bufon. A recente reunião do Comitê Gestor aconteceu em Valência, na Espanha, nos dias 20 e 21 de abril, e reuniu organizações de agricultura de distintos continentes, que levaram as demandas de seus territórios sobre o tema do acesso à terra e também discutiram tecnicamente quais as expectativas e perspectivas que devem ser cumpridas no próximo FLT.
Em dois dias muito intensos de trabalho, o Comitê teve momentos de resgate do histórico do Fórum e balanço das atividades anteriores, análise política da situação atual a nível internacional, definição dos objetivos do próximo Fórum e também do cronograma de ação para os próximos períodos de planejamento e concretização do evento global em 2026.
Paralelo a essas atividades, a comitiva de dirigentes da CONTAG também participou de eventos virtuais com temática sobre segurança alimentar no mundo. A participação de todas as organizações presentes no encontro em Valência foi apoiada pelo Fundo Documental Dinâmico sobre a governança dos recursos naturais no mundo (AGTER), da França, e pelo Centro de Estudos Rurais e de Agricultura Internacional (CERAI), da Espanha.
Decisões do Comitê Gestor
Segundo o vice-presidente Alberto Broch, foram tomadas uma série de decisões para a continuidade da preparação do próximo FLT. Foi ratificado pelos(as) participantes da reunião que esse comitê que coordenará as atividades necessárias para a realização do Fórum em 2026, e que as organizações envolvidas trabalharão com foco em inserir o tema do acesso à terra e da reforma agrária na agenda mundial dos governos, das agências multilaterais, de outras organizações e também da sociedade civil.
Isso incluirá promover debates nacionais nos países dessas organizações, bem como eventos de articulação regional nos continentes, que terão seus resultados levados para o evento global. Para trabalhar essas ações, foram estabelecidas comissões para tratar de temas como comunicação desses propósitos, captação de recursos, e construções de documentos com as posições políticas das organizações e registro de todo o processo. A ideia é que o FLT de 2026 aconteça na África, ainda sem país definido.
Na avaliação de Broch, a reunião do comitê foi muito frutífera e gerou perspectivas otimistas. Avançamos muito nessa reunião e houve grande convergência entre entidades muito diferentes. Entendemos que essa temática do acesso à terra dialoga profundamente com os principais temas de trabalho da COPROFAM e da CONTAG, e percebemos que é um tema urgente e sério em todas as partes do mundo. Estamos dispostos em trabalhar firme para avançar no diálogo sobre ele em nossa região, avaliou o dirigente.
Já Alair Luiz dos Santos também destacou a importância do intercâmbio com outros países sobre o acesso à terra e aos recursos naturais. Participando dessa reunião internacional pudemos ampliar o entendimento do que é a luta pela terra pelo mundo e as diversidades existentes nesse debate. Em alguns lugares, por exemplo, não se fala sobre reforma agrária, mas sobre direito à terra, conta Alair. E completa: No Brasil, teremos como dialogar e ampliar nossa luta pela terra através da reforma agrária, respeitando os povos tradicionais, a biodiversidade e o ambiente como um todo.
Esse diálogo também é muito importante para a juventude, conforme explica Mônica Bufon. Foi muito especial poder participar dessa reunião com os(as) companheiros(as), principalmente porque saímos com uma agenda para discutir a importância do acesso à terra com outras organizações, com governos e sociedade. E não só a terra como material a ser conquistado, mas também como um espaço de sonhos. Principalmente enquanto juventude. Hoje nosso principal debate é a sucessão rural, então ter o acesso à terra pra poder produzir e cultivar, e ter nossos sonhos ali, comentou a dirigente.
FONTE: Correspondente da COPROFAM - Gabriella Avila