O combate à violência contra a mulher no campo foi tema da Pauta Feminina realizada na tarde desta sexta-feira (13 de agosto), evento mensal promovido pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados para debater temas relevantes sobre temáticas relacionadas à mulher. Neste mês, a atividade integra a programação do Agosto Lilás, em parceria com a Comissão dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados e com a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), refletindo os 21 anos de Marcha das Margaridas e o Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo e pela Reforma Agrária, celebrados no dia 12 de agosto.
O debate foi mediado pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF) e teve o objetivo de debater e analisar dados sobre a violência contra a mulher do campo, bem como dar visibilidade às mulheres que vivem e trabalham no campo, em especial àquelas que enfrentam desigualdades estruturais, desafios sociais, econômicos e ambientais agravados pela pandemia de Covid-19.
Uma das convidadas foi a secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora da 6ª Marcha das Margaridas, Mazé Morais. A dirigente destacou o significado do dia 12 de agosto e todo o legado deixado por Margarida Alves. São 38 anos do assassinato de Margarida Alves. O significado dessa data para nós é imensurável! Tornou-se o Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo e pela Reforma Agrária. Por isso, a cada quatro anos, desde o ano 2000, marchamos em Brasília renovando o nosso compromisso com a luta que travamos diariamente contra todas as formas de violência e desigualdade que afetam as nossas vidas. Então, resgatar a memória, a luta, a força, a coragem e a ousadia de Margarida Alves nos estimula a continuar marchando.
O debate também contou com a participação de Sônia Coelho, representante da Marcha Mundial das Mulheres; Carmen Foro, da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Helena Gomes, representando o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB); Naiara Santana, do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE); Laeticia Jalil, da Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico; e Raquel Braz, da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Alagoas (FETAG-AL).
Durante o painel, as convidadas contextualizaram o cenário de violência agravado pela pandemia de Covid-19, com a falta de acesso à internet e às Delegacias da Mulher, principalmente nas áreas rurais, bem como a sobrecarga do trabalho doméstico. É preciso interiorizar as delegacias para atender as áreas rurais. As mulheres do campo, da floresta e das águas enfrentam dificuldades para registrar os casos de violência devido à distância, falta de acesso à internet, por medo e por falta de testemunhas nos casos das áreas mais isoladas, alertou Raquel Braz.
Carmen Foro ressaltou o aumento da violência gerado pelo avanço nos grandes projetos nos territórios rurais. Estamos sufocadas nos nossos territórios. O avanço dos grandes projetos e do agronegócio vem refletindo no aumento de ataques e ameaças às nossas lideranças. Os nossos territórios sangram. Estamos em marcha nas comunidades e denunciando a situação vivida pelas mulheres, trabalhando no encorajamento das companheiras.
Mazé Morais também reforçou que as Margaridas seguem marchando e que já estão iniciando o processo de construção da 7ª Marcha das Margaridas, prevista para agosto de 2023.
A deputada Erika Kokay encerrou o painel homenageando Margarida Alves e convocando as mulheres para seguirem em marcha. Como disse Margarida Alves, é melhor morrer na luta do que morrer de fome e temos fome de várias coisas, fome de justiça, de amor, de afeto, de dignidade, para além da fome de pão que voltou a existir nesse País. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi