A data de 3 de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, é alusiva ao fato de que, em 1984, 20 mil pessoas faleceram após a explosão de uma fábrica de agrotóxicos, na Índia, o que causou comoção mundial, tornando-se, assim, o dia D de protesto e denúncia acerca dos danos causados pelo uso de agrotóxicos.
No Brasil, nessa quinta-feira, 3 de dezembro, intensifica-se a luta da CONTAG, bem como de todas as organizações e pesquisadores(as) em alertar a população e os governos quanto aos danos causados pelo uso de agrotóxicos na agricultura e nos alimentos que chegam a nossa mesa, pois a contaminação dos alimentos causa prejuízos irreparáveis à saúde humana, bem como ao meio ambiente. A pulverização de defensivos químicos na agricultura tem ainda como consequência a retenção de toxinas na água, no solo e no ar, entretanto, continua sendo largamente utilizada sob o pretexto de ser a única forma para eliminar pragas e exterminar plantas invasoras, garantindo o lucro dos grandes grupos empresariais do agronegócio.
Apesar do incessante esforço coletivo das diversas organizações do campo e da cidade e dos(as) pesquisadores(as) em pautar junto ao Governo Federal políticas públicas eficazes de incentivo à produção agrícola de alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos, através da produção orgânica e agroecológica, não temos muito o que comemorar.
Contrário a este movimento pela vida, de proteção ambiental e da saúde pública, através do incentivo de novas práticas agrícolas e agroecológicas, o que vimos nos últimos dois anos foram retrocessos no Brasil. Em plena pandemia de Covid-19 houve a liberação pelo governo brasileiro de novos registros de agrotóxicos, bem como a importação e reclassificação de outros defensivos, pois a maioria absoluta dos produtos passou de classes ou categorias de alta toxicidade para moderada ou baixa, além de um grande número de herbicidas que antes estavam classificados e passaram para não classificados, o que demonstra a conivência e o incentivo do poder público ao cultivo das monoculturas realizadas por grandes empreendimentos capitalistas no Brasil, com uso de agrotóxicos em larga escala.
A posição do Brasil entre os países que mais importam e utilizam agrotóxicos no mundo confirma essa conjuntura política brasileira, onde o agronegócio se consolida como força política e econômica, capaz de intervir diretamente na aprovação ou revogação de normativas legais que lhe favoreçam.
A CONTAG, que compõe a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, juntamente com outras organizações da sociedade civil organizada, soma esforços ao realizar o debate coletivo com outras instituições, com o Congresso Nacional e com a sociedade, desenvolvendo um trabalho que visa alertar a população e as autoridades acerca do perigo do consumo de alimentos contaminados por agrotóxicos, bem como dos danos ao meio ambiente e à saúde humana.
Reafirmamos a necessidade de investimentos públicos, através de programas e projetos de incentivo aos processos de transição da produção agrícola tradicional para a agroecologia, apoio à cadeia produtiva, à agricultura familiar, que é a maior produtora de alimentos orgânicos e agroecológicos do Brasil, pois alimentação saudável é também uma questão de saúde pública e econômica, que gera renda e novos empregos. Chega de agrotóxicos, a vida em primeiro lugar!, destaca a secretária de Meio Ambiente da CONTAG, Rosmari Malheiros. FONTE: Secretaria de Meio Ambiente da CONTAG