“O peso da minha liberdade tem os mesmos quilos das correntes do passado. A sociedade se revolucionou, mas carrega na bagagem o preconceito enraizado.” Assim começou a mística de abertura desta quarta-feira (20), e não poderia ser diferente. Afinal, para além da importância da data da Consciência Negra, hoje é marcado como a primeira vez que se é comemorado o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra sendo um feriado.
Jovens de diferentes estados brasileiros se uniram em uma mística de abertura forte, ecoando o orgulho de ser quem são, que o preconceito não é mais tolerado em hipótese alguma e a importância de se combater o racismo e desigualdades sociais.
Igor Vieira de Sousa é um homem negro, baiano e LGBTQIAPN+. Ele ajudou a construir o momento que tanto afetou e impactou os presentes no auditório. O jovem agricultor compartilhou que o ato foi construído no sentido de lembrar a população negra representa 60% da população negra do campo, que mesmo sendo os que mais produzem são invisibilizados.
“Nos reconhecemos como negros, agricultores familiares, que contribuem com o movimento e a alimentação do nosso povo. O propósito deste dia deve ser lembrado todos os dias, já que fazemos parte do processo histórico de construção do Brasil. Com a mística nós conseguimos desabafar e colocar pra fora aquilo que estava guardado. Carregamos em nossa história, em nossos ancestrais, tudo aquilo que vivemos e sobrevivemos. Uma população negra do campo, LGBT, sobrevive a cada dia. E estar vivo também é um ato político.”
Os/as jovens encenaram no palco libertando suas mãos de cordas que os prendiam, retirando da boca fita que os calavam e os impediam de se expressarem e colocando comida em seus pratos.
A jovem Tereza Alice Negreiros, de Tocantins, participou da encenação, e expressou que “participar deste ato trouxe um sentimento de gratidão, felicidade e de liberdade. Foi o primeiro feriado nacional, que é um marco importante na nossa história de luta. É um momento de reflexão sobre toda a história e de traçar as mudanças que precisam ser feitas daqui pra frente, de como vamos agir e buscar o que precisa melhorar como pessoas e como movimento.”
A parte da manhã seguiu com a divisão dos participantes em oficinas temáticas e pedagógicas, sendo elas:
Teatro popular e luta sindical;
Agroecologia e soluções sustentáveis;
Juventude rural, filhos (as) da terra e defensores (as) de direitos e do bem viver;
Comunicação popular - oratória;
Comunicação popular - redes sociais;
Saúde mental e os caminhos para liberdade;
Gênero, afetos e sexualidade;
Juventude e educação popular - saberes que libertam;
Produção de materiais para 14º CNTTR;
Sustentabilidade político-financeira na perspectiva da juventude rural.
A jovem do Rio Grande do Sul, Jóice Marciele da Silva, compartilhou: “Eu gostei muito de participar da oficina porque conseguimos ter mais contato com os outros estados. Tivemos a oportunidade conhecer melhor, conhecer um pouco a cultura, o que está dando certo no outro estado e o que eu posso levar também para ajudar o meu Sindicato e Federação.”
Ela participou da oficina que tratou sobre saúde mental e os caminhos para liberdade, que deu continuidade ao painel do dia anterior. “Na nossa oficina cada um foi trazendo relatos e, com toda certeza, mais preparados para atuar no movimento sindical, em nossas famílias e com nós mesmos. Afinal, eu tenho que estar forte para depois eu conseguir cuidar das outras pessoas”, contou a jovem.
A programação do dia seguiu, durante a tarde, com a divisão da juventude em grupos para discutir o Documento Base que será levado para o 14º CNTTR. E o dia foi encerrado com uma noite cultural.
Sucessão rural e sindical, fortalecer a luta para colher conquistas!
Por Malu Souza / Comunicação CONTAG