A mecanização total dos canaviais brasileiros até 2014 deixará cerca de um milhão de trabalhadores e trabalhadoras rurais desempregados. A previsão é do presidente da Contag, Manoel dos Santos. O dirigente fez um alerta sobre o problema nesta terça-feira (18), durante plenária da Conferência Internacional sobre Biocombustível. O evento ocorre em São Paulo desde ontem (17) e vai até o dia 21 de novembro.
Manoel dos Santos participou hoje (18) da plenária Biocombustíveis e Sustentabilidade: segurança alimentar, geração de renda e desafios para os ecossistemas. O presidente da Confederaçãoreivindicou arealização deum debate amplo com todos os setores da sociedade - governo, empresários e entidades - sobre o zoneamento agroecológico nosegmento canavieiro.
O dirigente sindical disse que essa discussão precisa tratar a questão sob diferentes pontos de vista, como o social, ambiental e econômico. "Não se pode fazer apenas um zoneamento agroeconômico na área da cana-de-açúcar, como é defendido pelos empresários sem discutir políticas públicas para combater o desemprego dos trabalhadores rurais", reitera.
Para efetivar esse tipo de zoneamento no País, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicaria às usinas quais as áreas adequadas para o cultivo da cana-de-açúcar, sem trazer nenhum tipo de prejuízo econômico às empresas açucareiras. "O zoneamento agroecológico não considera alguns impactos sociais, como a retirada de famílias que estão nos assentamentos produzindo alimentos da base da economia agrícola. O governo brasileiro não tem uma política definida para esse problema", explica Manoel dos Santos.
Na avaliação do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique, que também participa do evento, é necessário que seja realizado um zoneamento não apenas na área da cana, mas em outros setores produtivos. Isso garantiria a segurança alimentar e o fortalecimento da agricultura familiar brasileira. "Acredito que o Estado deve definir uma porcentagem de plantação na produção de agrocombustíveis e de alimentos. Não podemos ter um modelo que leve apenas em conta o mercado. Temos que pensar na população e na agricultura familiar visando melhorias nos padrões alimentares de consumo e produção no Brasil", reitera.
Acompanhe a programação da Conferência Internacional sobre Biocombustível nohttp://www.biofuels2008.com/br/index.php. FONTE: Andréa Póvoas, Agência Contag de Notícias