Atualmente 70% da matriz produtora de biocombustível no Brasil é representada pelo cultivo da soja predominante nas grandes propriedades rurais. A avaliação do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique, é de que esse tipo de produção reforça o modelo agroexportador previsto no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.
"A CUT e a Contag defendem que o governo brasileiro retome o projeto original de biodiesel, que tinha o objetivo de fortalecer a agricultura familiar, principalmente nas regiões Norte e Nordeste onde necessitam de investimentos", explica Arthur Henrique.
A alteração no atual modelo de produção de biocombustível no Brasil foi uma das críticas feitas por representantes de diversos países e entidades sociais, incluindo a Contag. O assunto foi debatido amplamente no seminário internacional "Agrocombustíveis como Obstáculo à Construção da Soberania Alimentar e Energética", durante encontro paralelo à Conferência Internacional sobre Biocombustíveis realizada este mês em São Paulo.
A Confederação foi representada no evento pelos diretores Alberto Broch, secretário de Relações Internacionais e vice-presidente da entidade; Antoninho Rovaris, secretário de Política Agrícola da Contag; Antônio Lucas, secretário de Assalariados e Assalariadas e Carmen Foro, coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras da Contag e vice-presidente da CUT.
Na conferência, foi entregue ao governo federal um documento criticando o atual modelo de exploração energética da cana-de-açúcar, voltado para exportação sem levar em conta os impactos sociais, como as péssimas condições de trabalho que afetam milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais em todo País no setor canavieiro.
O secretário de Assalariados e Assalariadas da Contag, Antônio Lucas, afirma que "esse modelo precariza as relações de trabalho no campo, além de não incluir o desenvolvimento da agricultura familiar, que é tão importante na produção de alimentos e é um setor estratégico."
O coordenador do Programa de Direito à Segurança Alimentar da ONG ActionAid, Celso Marcatto, diz que o zoneamento agroecológico não leva em conta os avanços de outras atividades econômicas, como a pecuária e soja. "O que nós estamos questionando é que não existe terra livre para expansão da cana-de-açúcar e de agrocombustíveis. Nota-se a invasão do gado, a expansão da soja na Amazônia, causando destruição na floresta Amazônica. Isso acontecerá no Brasil e em outros países". FONTE: Andréa Póvoas, Agência Contag de Notícias