A participação de ONGs, entidades, sindicatos e movimentos sociais do Brasil e de outros países nos debates da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis foi insuficiente, pois não atendeu às expectativas de setores da sociedade civil. O evento foi realizado entre os dias 17 e 19 de novembro em São Paulo.
Na avaliação do presidente da Contag, Manoel dos Santos, as discussões sobre produção de energia renovável, desenvolvimento sustentável e combate ao efeito global não tiveram como foco prioritário a participação dos atores sociais. "A presença majoritária era de representantes de governo dos países da África, Ásia, América do Norte e América Latina. Apenas no Brasil, notou-se uma maior participação de ONGs, mas com pouca abertura para debatedores desse campo dos trabalhadores do Brasil e do mundo".
A Contag foi a única entidade que teve um espaço formal representando trabalhadores e trabalhadoras rurais do Brasil. Manoel dos Santos foi um dos debatedores na plenária "Biocombustíveis e mercado internacional: regras comerciais, questões técnicas e padrões sócio-ambientais", realizada nesta quarta-feira (19/11).
Mecanização - Os efeitos do processo de desenvolvimento do etanol por meio da mecanização nos canaviais podem desempregar, no futuro, milhares de cortadores e cortadoras de cana-de-açúcar em todo o País. A colocação feita pelo presidente da Confederação durante o painel e gerou polêmica entre os participantes. "Colocamos fortemente essas preocupações, porque o setor sucroalcooleiro e as usinas vendem lá fora uma relação social trabalhista equilibrada no Brasil, mas sabemos que na prática não é isso que acontece. É um segmento que explora e incentiva a produção de forma exaustiva, levando trabalhadores à morte. Ainda existem usinas que praticam trabalho escravo", alerta.
Outro ponto levantado pelo dirigente foi a necessidade de debater com o governo, os setores empresariais, as comunidades científicas e a sociedade civil instrumentos como os marcos regulatórios e elementos relativos aos agrocombustíveis - zoneamento agroecológico e social e monopólio de grupos econômicos no setor. FONTE: Andréa Póvoas, Agência Contag de Notícias