A PEC do trabalho escravo, uma disputa permanente entre a patronal e os trabalhadores Elías D’Angelo Borges, secretário de Assalariados Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), analisa o resultado da campanha que deu visibilidade internacional à tentativa de regulamentar a emenda constitucional despojando-a de seu real propósito: terminar com o trabalho escravo no Brasil. -Como você avalia a campanha da UITA e da CONTAG que reuniu milhares de adesões e alertou sobre os nefastos propósitos da bancada ruralista? -A Regulamentação da PEC 57-A, mais conhecida como PEC do Trabalho Escravo, iria ser votada na primeira semana de novembro de 2013. Nossa mobilização dentro do Congresso Federal, o lobby com os senadores e deputados, nossa campanha internacional e todo o processo de difusão realizado graças à articulação entre a UITA e a CONTAG, conseguiram frear essa votação e o propósito da bancada ruralista de regulamentar a emenda constitucional, o que significa um grande êxito na luta contra o trabalho escravo. Conseguimos que vários deputados tomassem conhecimento do problema e fossem incluídas mais de 150 emendas ao projeto de regulamentação cujas propostas, em sua ampla maioria, atendem as nossas necessidades. -Mas ainda falta muito por se fazer, verdade? -A campanha foi providencial, mas isto não significa que seja a última coisa que faremos. Devemos ter a clareza de que a PEC do Trabalho Escravo é e será uma disputa permanente entre a patronal e os trabalhadores. Eles, os patrões, são muito fortes, mas com este tipo de ações provamos que os trabalhadores e as trabalhadoras também podem lutar e ser eficientes. O resultado foi bom, mas é necessário prosseguir atentos ao porvir dos acontecimentos. FONTE: Rel-UITA - Gerardo Iglesias/ Tradução: Luciana Gaffrée