Duas multinacionais do setor cacaueiro compraram amêndoas de um fornecedor abastecido com o uso de mão de obra análoga à escravidão na Bahia. Investigações do Ministério Público do Trabalho (MPT) obtidas pela Repórter Brasil revelam uma série de violações trabalhistas na rede de fornecedores das companhias Olam International e Barry Callebaut. Uma terceira gigante do agronegócio também se beneficiou do "cacau sujo": a Cargill.
As três empresas estrangeiras são responsáveis por 97% da moagem e torra das amêndoas no Brasil e fornecem para as principais marcas de chocolate, como Nestlé e Lacta (Mondelez) - fabricantes dos famosos bombons "chokito" e "sonho de valsa". Mas antes de se tornar uma guloseima na mão dos consumidores, o cacau brasileiro vive uma triste realidade no campo.
Ao menos 148 pessoas foram resgatadas do trabalho escravo em fazendas de cacau nos últimos 15 anos. Boa parte das operações ocorreu no Pará e na Bahia, os maiores polos nacionais. As violações aos direitos humanos incluem também ameaças de patrões, condições degradantes de moradia e higiene, servidão por dívidas e até trabalho infantil.
Segundo o MPT, as duas figuras centrais nessa cadeia de crimes são os donos das fazendas e os chamados "atravessadores" intermediários que fazem a ponte entre os fazendeiros e as grandes empresas de moagem.
Uma das fazendas flagradas com trabalho escravo pertence à empresa Chaves Agrícola e Pastoril, dona de diversas propriedades cacaueiras no sul da Bahia. Em setembro de 2017, auditores fiscais do trabalho resgataram nove pessoas em situação análoga à de escravos na Fazenda Diana, em Uruçuca (BA).
De acordo com os auditores-fiscais do trabalho, do Ministério da Economia, a fazenda mantinha os trabalhadores em péssimas acomodações e sem acesso a banheiro ou água potável. Os lavradores tomavam banho em uma lagoa de águas turvas e paradas. Para beber e cozinhar, tinham de "coar" a água coletada em cacimbas para remover girinos e peixes. Leia mais AQUI
FONTE: Repórter Brasil - André Campos e João Cesar Diaz