Em cumprimento ao mandado expedido pelo juiz da Comarca de Penedo, Albino Junior, que determinou à desobstrução de todas as vias de acesso a usina Guaxuma, os mais de mil trabalhadores rurais que bloqueavam o acesso a unidade industrial, localizada no município de Coruripe, desocuparam a área na tarde desta quarta-feira, por volta das 15 horas. Quatro viaturas e um ônibus com policiais militares foram enviados, no começo da manhã, para a usina para garantir o cumprimento da ordem judicial. O mandado estipulou ainda uma multa diária de R$ 10 mil ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Coruripe e a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura no Estado de Alagoas caso a ordem judicial não fosse cumprida. Apesar de ter encerrado o bloqueio, a categoria decidiu pela continuidade da paralisação no corte da cana, cruzando os braços. A entrada dos caminhões carregados com cana com destino a usina foi interrompido no começo da tarde de terça-feira, dia 08, por volta das 14 horas. Os trabalhadores reivindicam a mudança do contrato de trabalho safrista - por tempo determinado – para o modelo por tempo indeterminado que assegura direitos, a exemplo do pagamento da multa rescisória e do seguro-desemprego. “É com este dinheiro que o trabalhador sobrevive na entressafra. Não queremos de forma alguma violência. Só os nossos direitos”, frisou o cortador de cana, Valdir Viana, informando que muitos colegas dormiram em frente ao portão da usina para evitar que o bloqueio fosse furado na madrugada pelos caminhões. Com o bloqueio, a unidade industrial foi obrigada a parar as máquinas por falta de cana ainda na noite de terça-feira. Dezenas de caminhões formaram filas na entrada da usina a espera do fim da mobilização, carregados com as últimas toneladas de cana cortadas pelos trabalhadores antes do início do protesto. Além da mudança no contrato de trabalho, a categoria cobra ainda melhores condições no alojamento disponibilizado pela usina para os trabalhadores de outros municípios e Estados, a exemplo de Pernambuco e Piauí. Nova audiência Após o cumprimento da decisão judicial, por intermédio do Grupamento de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar e da diretoria executiva da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura no Estado de Alagoas (Fetag-AL), os trabalhadores conseguiram agendar uma nova audiência na Procuradoria Regional do Trabalho, em Maceió, nesta quinta-feira, dia 10, a partir das 10 horas. Na reunião, onde os trabalhadores serão representados por uma comissão de negociação, será discutida com dirigentes da usina, Fetag-AL e oficiais da Polícia Militar, uma solução para colocar um fim a paralisação. “Os trabalhadores no campo estão inquietos. Vamos nesta audiência tentar encontrar uma solução para por um fim a este impasse”, acrescentou Antonio Torres, secretário de Assalariados da Fetag-AL. Início O protesto dos trabalhadores da Guaxuma teve início na manhã de terça-feira, quando aproximadamente 700 homens bloquearam a BR 101, no município de Campo Alegre. Um congestionamento de veículos de aproximadamente 12 km se formou nos dois sentidos da rodovia. A interdição da BR foi suspensa após a confirmação de uma reunião com na Procuradoria Regional do Trabalho. Na primeira audiência, ocorrida ainda na tarde da última terça-feira, representantes dos trabalhadores, usina e Fetag-AL, estiveram reunidos com a procuradora-chefe substituta Virgínia Ferreira, mas não chegaram a um acordo sobre o fim do protesto e decidiram manter o bloqueio ao acesso da usina que foi encerrado na tarde desta quarta-feira. FONTE: Comunicação da Fetag-AL