Levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo, segundo informações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), revelou que de 1 milhão de famílias assentadas entre 2005 e 2006, aproximadamente 40% estão na região Norte. Em segundo lugar ficou o Nordeste, com 30%. A região Sudeste, onde existe o maior foco de conflitos por causa de terra, detém apenas 5% desses assentamentos.
Para o secretário de Política Agrária e Meio Ambiente da Contag, Paulo Caralo, a concentração dos assentamentos em áreas sem tradição de produção de alimentos e onde os conflitos de terra são menores, em comparação com outras regiões, não resolve o problema de reforma agrária no País. Ele comenta que a regularização de assentamentos na região Norte, onde somente 20% da propriedade podem ser utilizados para produção agrícola, não é propícia para a produção de alimentos. "É uma região mais propícia para o extrativismo, culturas mais permanentes", diz.
Caralo ressalta que enquanto os governos federal e estaduais não encararem a reforma agrária como um problema social, que afeta o desenvolvimento econômico, a soberania territorial e alimentar, a tendência é que aumentem a concentração de terras no País, o êxodo rural, a pobreza e a falta de alimentos.
"Quem produz alimentos são os assentados da reforma agrária, os agricultores familiares. Sem isso (a reforma agrária), vai se fortalecendo ainda mais o agronegócio, a monocultura, a alta dos agrotóxicos, a degradação ambiental, a concentração de terra", afirma Caralo.
Para o dirigente, a supervalorização da terra e a não atualização dos índices de produtividade rural dificultam a realização da reforma agrária nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde os conflitos de terras são constantes. "O governo não tem condições ou coragem política para fazer a atualização dos índices de produtividade. Nessas regiões, só com a atualização dos índices é que se pode ampliar a quantidade de terra a ser desapropriada", finaliza. FONTE: Ciléia Pontes