Cinco municípios no entorno da barragem de Sobradinho-BA, cerca de 40 km², abrangendo 18.171 estabelecimentos agropecuários com baixos índices de produtividade e graves problemas ambientais e sociais terão pelos próximos cinco anos, a Embrapa Semi-Árido atuando na região por meio de 14 planos de ação, que tem metas ambiciosas como beneficiar cerca de 10 mil agricultores familiares.
Os planos integram o projeto "Desenvolvimento de ações para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho-BA", que será executado com recursos da Companhia Hidrelétrica do São Francisco - CHESF. Vão ser financiados estudos das cadeias produtivas de três atividades agrícolas relevantes na região: apicultura, criação caprina e ovina e piscicultura, além de um amplo programa de transferência de tecnologias agroecológicas para as áreas dependentes de chuva e para aquelas situadas às margens do lago formado pela barragem.
A barragem que forma o lago de Sobradinho é a principal geradora de energia elétrica para a região Nordeste. A construção do reservatório, na década de 70, inundou 4.214 km2 e obrigou a relocalização de 12 mil famílias. Essa população, mesmo recebendo apoio na forma de indenizações e de infra-estrutura, pouco se desenvolveu. Afetada pela barragem e pelo modelo de crescimento acelerado, e em novas terras, os relocados se viram envolvidos nas crises das novas atividades econômicas que deram origem a muitos dos problemas a serem enfrentados no projeto da Embrapa.
O pesquisador Rebert Coelho Correia, da Embrapa Semi-Árido, diz que, quando o lago começa a baixar seu volume de água, milhares de agricultores avançam sobre enormes extensões de terras e montam roças. Em alguns locais, isto é feito aproveitando apenas a umidade do solo. Em Casa Nova, no entanto, se vê a instalação de bombas hidráulicas para irrigar cultivos de cebola. São áreas de vazante que precisam de um manejo diferente dos cultivos tradicionais, em especial com relação ao uso de insumos químicos, afirma.
A ação da Embrapa quer tornar concreto para os beneficiários métodos, meios e instrumentos que levem tecnologias e conhecimentos resultado das pesquisas a serem utilizadas nos sistemas de produção dos agricultores. Segundo Rebert, o projeto, ao envolver nas suas atividades 10 mil agricultores familiares, poderá atingir mais de 50% dos estabelecimentos rurais agropecuários nos cinco municípios da borda do lago. Os planos do projeto prevêem ações em atividades como a caprino-ovinocultura, fruticultura de sequeiro, olericultura, cultivos alimentares (milho, feijão-caupi e mandioca) e beneficiamento de produtos da agricultura familiar (carne, leite. mandioca e frutas).
O projeto terá mecanismos de acompanhamento e avaliação do impacto das ações na vida dos agricultores. O pesquisador explica que será uma forma de fazer análises comparativas de produtividade e outros indicadores dos diferentes sistemas de produção com a condição anterior à execução do projeto que vai ter a participação da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Governo da Bahia, das prefeituras municipais, Codevasf, Sebrae, Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Universidade Federal do Vale do São Francisco - Univasf, e entidades não governamentais representantes do movimento social da região. FONTE: Embrapa