A CONTAG vem acompanhando o desenvolvimento do Programa Mais Médicos desde o seu anúncio pelo governo, em julho de 2013. Na época, a Confederação publicou uma nota de apoio ao programa e outra contra a discriminação aos médicos cubanos no Brasil porque sempre entendeu que este programa vem atender a enorme demanda por atendimento médico em locais vulneráveis e de difícil acesso. “A maioria dessas regiões fica no interior do País, onde residem os trabalhadores(as) rurais, que sempre enfrentaram desafios como a falta de profissionais de saúde, de estrutura e de acesso a este serviço”, destacou José Wilson, secretário de Políticas Sociais da CONTAG.
Passados sete meses, os números oficiais do Ministério da Saúde (MS) mostram impactos expressivos no número de profissionais atendendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e na qualidade neste atendimento. Foram 4.040 municípios que aderiram ao programa, ou seja, 72,5% do território brasileiro.
O 3º ciclo do Mais Médicos está sendo iniciado e o número total de cidades atendidas passará de 2.166 para 3.279. Desses, 1.113 receberão médicos pela primeira vez. Já a população diretamente beneficiada crescerá de 33 milhões para 45,5 milhões de brasileiros a partir de abril. Serão 9.548 profissionais realizando especialização em Atenção Básica enquanto atendem em unidades básicas de saúde do SUS. Desse total de médicos, 1.241 são brasileiros e 8.307 estrangeiros. “Esse é um dos motivos que fez a CONTAG sempre apoiar esta iniciativa. Agora, em várias comunidades rurais já temos médicos permanentes e com atendimento humanizado”, explicou o dirigente.
Este é o caso da comunidade rural Coqueiro, em Ipu/CE. Agora, os trabalhadores(as) rurais contam com uma médica cubana no posto de saúde, com atendimento diário. Antes do programa, era um atendimento mensal, obrigando as pessoas a se deslocarem para a sede da cidade ainda de madrugada para conseguirem atendimento médico ou pagar consulta particular. “Já fui atendida três vezes por esta médica. Ela examina com cuidado e não tem pressa no atendimento. Este programa está sendo ótimo. Agora gasto 15 minutos da minha casa para o posto”, disse a trabalhadora rural Cesarina Camelo, de 60 anos.
Esse sentimento é compartilhado pelo assentado da reforma agrária Alberto Moura, 60 anos, de São Cristóvão/SE. Ele já foi atendido quatro vezes por uma médica cubana e está satisfeito com o atendimento. “A médica atende o dia inteiro, antes não era assim. Ela nos examina, pede exames, conversa com a gente, não tem pressa, tenta diagnosticar outros problemas de saúde e dá dicas de prevenção. Se precisar, ela também atende nas casas”.
O MS informou que, do total de médicos que aderiram ao Mais Médicos, 89 desistiram. Desses, 80 são brasileiros e nove estrangeiros. “Isso demonstra a falta de comprometimento dos médicos do nosso país”, avaliou José Wilson.
Segundo o MS, até 2017 serão 11,5 mil novas vagas de graduação em Medicina, 12,4 mil novas bolsas de formação de especialistas, disponibilização de médicos para a periferia e interior do País e o Brasil sairá de 374 mil para 600 mil médicos até 2026. Neste sentido, o secretário destacou a necessidade de democratizar o acesso aos cursos de nível superior, a exemplo do de Medicina, que é muito elitizado. “Os jovens de baixa renda, filhos de trabalhadores(as) rurais, negros e outros precisam ter a oportunidade de fazer esse e outros cursos. Afinal, estes, ao se formarem, terão mais facilidade de retornar às periferias e ao interior para prestarem, com qualidade e de forma humanizada, os serviços públicos para as populações que, historicamente, foram excluídas das políticas públicas”.
FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi