Não há sinais de melhora econômica, e o tema do desemprego deve ser central nas eleições. O IBGE divulgou nesta quinta-feira (24) os resultados da Pnad Contínua do 4º quadrimestre, fechando o ano de 2021. O País voltou ao mesmo patamar de desemprego que tinha antes da pandemia, 11,1%, a mesma taxa de 2019. A recuperação, contudo, tem sido extremamente desigual. O Norte e Nordeste chegaram ao fim de 2021 com taxas de desemprego maiores do que em 2019, ao passo que o Sudeste e Centro-Oeste registraram melhoras, ainda que os resultados estejam distantes do registrado até o fim de 2015.
Apesar da taxa de desemprego ter retornado ao patamar de 2019, o número de desempregados(as) aumentou neste período. O último trimestre de 2021 registrou cerca de 108 mil desempregados(as) a mais do que no mesmo período de 2019. O desemprego impactou principalmente as mulheres, pois foi registrado no fim de 2021 cerca de 184 mil mulheres a mais em busca de emprego sem encontrar. Os homens, por sua vez, tiveram um saldo positivo de cerca de 76 mil homens a menos desempregados(as), em relação ao mesmo período. O emprego sem carteira no setor privado cresceu 18,3%, enquanto o emprego com carteira cresceu apenas 9,2%, quase o dobro entre o último trimestre de 2021, comparado com 2021.
Os empregadores sem CNPJ cresceram 17,7%, enquanto os com CNPJ caíram 2,7%, entre o fim de 2021 e o fim de 2020. Ao mesmo tempo, o Estado e o número de servidores públicos estatutários recuaram 7,4%, uma queda de cerca de 600 mil pessoas empregadas no setor. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) já havia divulgado que a inflação entre os mais pobres foi mais que o dobro da inflação percebida entre os mais ricos. O IPCA-15, a prévia do índice da inflação, indica que a taxa deve acelerar este ano e o mercado já precifica seu aumento e também a elevação da Selic que terá impacto negativo no emprego e no investimento. Neste contexto, será ainda mais importante que agricultores e agricultoras tenham acesso a taxas subsidiadas e sustentadas por uma política pública robusta e adequada.
A crise permanece principalmente entre os(as) mais vulneráveis, que devem continuar sentindo seus efeitos ao longo do ano. As incertezas com a inflação e alta de juros mostram que os desafios serão enormes este ano e o País precisa mudar o rumo para retomar o crescimento inclusivo, para todos e todas. A guerra lá fora assusta e aumenta a instabilidade econômica, mas nossa guerra é outra. A luta contra o desemprego e a inflação, e contra a fome e a pobreza que são seus pares precisa da solidariedade de todos(as) nós, e da nossa ação. FONTE: Subseção do Dieese/CONTAG