Os principais movimentos sociais do campo estão reunidos na tarde desta segunda-feira (27), no auditório do Centro de Estudo Sindical Rural - CESIR/CONTAG, em Brasília, para aprofundar os debates e estabelecer estratégias de mobilização que possam ser realizadas de forma articulada entre as entidades. O Seminário Nacional de Organizações Sociais do Campo está sendo coordenado pela CONTAG, Via Campesina e Fetraf, que compõem a Comissão Organizadora do evento. A mesa de abertura política contou com a presença do secretário de Política Agrária da CONTAG, Willian Clementino, do representante do MST, José Batista, e da representante do Movimento de Mulheres Camponesas e da Via Campesina Brasil, Rosângela Piovisani Cordeiro, e do membro da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA) e aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Guilherme Delgado. Ao abrir as falas, Willian disse que o seminário acontece no momento em que os movimentos trazem reflexões acumuladas durante vários anos. “Precisamos buscar e zelar pela construção de ações conjuntas dos movimentos sociais e, para isso, temos que ter maturidade, sabedoria e fraternidade para realizar essas ações do ponto de vista coletivo, independente das ações individuais de cada organização. Acreditamos que em 2012 a pauta de reforma agrária do Grito da Terra Brasil possa ter consenso com a pauta do Abril Vermelho, da Jornada da Agricultura Familiar, ações das mulheres e de outras ações promovidas pelas organizações sociais do campo brasileiro”, opina. Já Rosângela, assumiu que tanto as pautas sozinhas das organizações do campo quanto a pauta conjunta têm avançado pouco. “Temos que ter, de fato, essa capacidade da articulação e dizer ao governo que dessa forma não dá. A ideia é chegar a um consenso de alguns pontos nesse seminário e amanhã dialogar com o parlamento e o governo e apresentar quais questões que não abrimos mão”, desabafa. Nesse sentido, José Batista levantou alguns desafios enfrentados pelos movimentos sociais que lutam pela terra, como a dificuldade de pautar a reforma agrária no governo e na sociedade, por exemplo. “No ano passado, o governo cedeu algumas coisas no processo de negociação das dívidas apenas com a pressão conjunta dos movimentos”, avalia. Depois da abertura política, Guilherme Delgado deu início à análise de conjuntura do cenário agrário brasileiro. O professor afirmou que o agronegócio significa acúmulo de capital e concentração de terra. “Essa acumulação é inimiga da função social e ambiental. Por isso, não permitem a revisão dos índices de produtividade da terra e colocam em votação um novo Código Florestal. Esse movimento de valorização e concentração fundiária persegue o conceito da renda fundiária nas terras, nas minas, nos campos petrolíferos e nas quedas d’água, que trazem um lucro extraordinário que só é possível a partir da mediação do governo”, atesta Delgado. O seminário conta também com a participação dos secretários da CONTAG de Formação e Organização Social, Juraci Souto; de Assalariados (as) Rurais, Antonio Lucas; de assessores da entidade; do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA); da Comissão Pastoral da Terra; da Cáritas Brasileira; do Conselho Indigenista Missionário (CIMI); do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); e da Universidade de Brasília (UnB). FONTE: Imprensa Contag - Verônica Tozzi