O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou esta semana os dados do emprego e desemprego de maio e a prévia da inflação de julho. Os dados do emprego são desalentadores, a taxa de desemprego ficou em 14,6% em maio, contra 14,7% nos dois meses anteriores. A ligeira queda esconde o aumento de 34 mil no número de desempregados(as). Desde março são cerca de 14,8 milhões de trabalhadores(as) procurando emprego todo o mês sem encontrar. O emprego no setor privado com carteira assinada caiu, passando de 29,8 milhões para 29,6 milhões. Mais uma vez, o maior responsável pela queda na taxa foi o aumento de trabalhadores(as) por conta própria sem CNPJ, com aumento de cerca de 300 mil pessoas. O número de trabalhadores(as) informais cresceu em cerca de 500 mil, contando os(as) empregados(as) do setor privado, domésticas e conta própria.
O forte crescimento da economia no setor de commodities (grãos, minério e petróleo) se mostra incapaz de gerar o dinamismo necessário para recuperação do restante da economia e do emprego e renda dos trabalhadores e trabalhadoras. O destaque do crescimento das commodities é a produção mineral, com um forte crescimento do preço do minério e da exportação. A produção agrícola também tem se beneficiado, mas a situação não é tão animadora. A previsão de safra recorde abalada pela escassez de água e geadas acende um alerta para os(as) produtores(as). O levantamento da produção agrícola de junho mostra queda nas safras de milho, cana e mandioca. O único produto que apresenta aumento de produção em toneladas é a soja, produzida quase que inteiramente para exportação.
Os preços continuam em alta. A prévia do IPCA, o IPCA-15 de julho ficou no maior índice desde 2004, chegando a 0,72%. O índice acumulado em 12 meses foi para 8,59%, muito acima da meta da inflação estipulada pelo Banco Central. Recife, Curitiba e Porto Alegre foram as capitais com as maiores altas. O destaque no aumento ficou desta vez com os itens habitação e transporte.
O IPCA de julho deve vir maior que o esperado pelo mercado. A estimativa subiu quase 10%, passando para 0,87% no mês e 6,67% em 2021. O IPCA de junho havia ficado em 0,53%, elevando o índice acumulado em 12 meses para 8,35%. O aumento da inflação corrói o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras e também reduz a expectativa de investimento e a retomada do emprego, uma vez que o Banco Central tende a elevar os juros para combater a inflação. O mercado aposta num aumento de 1 ponto percentual para Selic na próxima reunião do Copom.
O arroz e o feijão, principais produtos na mesa do(a) brasileiro(a) continuam entre os vilões da inflação. Apesar de terem diminuído o ritmo da alta, continuam a subir acima do índice geral. As exportações têm contribuído para elevar o preço do milho e soja, o que têm puxado também os preços da carne, aves e derivados. O que chama atenção, contudo, é a expressiva alta dos combustíveis e da energia elétrica. A última deve ganhar impulso com a crise hídrica provocada pela falta de chuvas e baixa de reservatórios.
FONTE: Subseção do Dieese na CONTAG