Os dados do emprego divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE foram muito bons. A taxa de desemprego caiu para 9,3%. É a menor taxa desde 2015. Mais da metade do crescimento do emprego no setor privado foi puxado pelo emprego sem carteira assinada, apesar do aumento expressivo do emprego doméstico com carteira. O setor público também teve desempenho recorde, das cerca de 500 mil vagas desde janeiro, metade foram criadas entre maio e junho. A massa de rendimento real tem crescido desde o fim de 2021, o que é bom para a agricultura familiar, mas o rendimento real médio do trabalhador e da trabalhadora diminuiu por conta da inflação. Em janeiro, com a elevação anual do salário mínimo, chegou a R$ 2.899, e caiu para R$ 2.681 em junho, uma diferença de quase R$ 200 a menos.
No início do mês, o IBGE divulgou o índice de inflação, com um leve crescimento em relação ao mês anterior. O índice chegou a 11,89%, no acumulado em 12 meses até junho, alimentos e bebidas subiram 13,98%. A meta de inflação no Brasil para 2022 é de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais. Não resta dúvida de que a inflação ultrapassará novamente a meta. A prévia da inflação de julho, o IPCA-15 indica que, apesar da redução “na caneta” dos preços dos combustíveis, o índice para alimentos e bebidas cresceu bem acima das expectativas, acumulando no ano uma alta de 9,67%. A inflação de alimentos ultrapassará provavelmente a casa dos 12% até o fim do ano, alimentada pelo auxílio emergencial, bolsa taxista e bolsa caminhoneiro. O índice para vestuário já chegou a 11% no acumulado de 2022.
O Banco Central tem aumentado a taxa de juros desde março de 2013 para buscar contrair a oferta de moeda e crédito, reduzir a demanda por investimentos, bens e serviços e, assim, controlar a inflação. A taxa de juros foi de 2% ao ano para 13,25% na última reunião do conselho de política monetária, em 16 de junho de 2022. Ao que tudo indica, o aperto continuará por mais alguns meses, com impactos negativos para o investimento e o crescimento do País no fim de 2022 e no ano de 2023. O desemprego neste cenário dificilmente manterá a trajetória de queda. O Banco Central luta sozinho contra a inflação, enquanto o governo e sua base congressual promovem a tradicional gastança em ano eleitoral.
Fonte: Subseção DIEESE/CONTAG