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RIO GRANDE DO SUL
Grito de Alerta reúne sete mil em Três Passos (RS)
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17 de Maio de 2016

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Um misto de cores e gritos de ordem tomaram conta das ruas de Três Passos na última quinta-feira, 12 de maio. Mais de sete mil agricultores familiares ergueram as bandeiras da Fetag-RS e pintaram de verde, vermelho e branco por onde passavam. Nas calçadas, os funcionários das lojas acompanhavam a grande mobilização que dá visibilidade aos problemas enfrentados pelos homens e mulheres rurais para a sociedade. Grande parte do comércio do município atendeu o apelo da Macro Regional Fronteira Noroeste e fechou as portas em apoio ao 6° Grito de Alerta. Nas faixas, as reivindicações por Previdência Social, Acesso à Terra e Habitação Rural, Organização da Produção e Assistência Técnica, Educação do Campo e Sucessão Rural, além de Saúde e Terceira Idade. Além do presidente Carlos Joel da Silva, participaram Nestor Bonfanti, vice-presidente, Elisete Hintz, tesoureira-geral, Lérida Pivoto Pavanelo, coordenadora de Mulheres, Pedrinho Signori, secretário-geral e Diana Hanh Justo, 1ª secretária e coordenadora de Jovens.

Logo cedo, delegações de todo o Rio Grande do Sul chegavam à Praça da Bandeira, ocupando todos os espaços. Do alto do carro de som, que parecia uma ilha, via-se um mar de gente. Gente de toda a idade, rostos jovens e com a pele vincada pelo tempo e pelo sol, mas na luta ainda, a fim de assegurar a continuidade de direitos já conquistados.

AS FALAS

Dando início a abertura do Grito, o presidente do STR de Três Passos, Ehrardt Hepp, falou sobre o planejamento da mobilização, agradecendo o empenho de todos para que o Grito fosse um sucesso. “Vocês lutam por uma causa justa, não estamos mendigando. Buscamos de forma organizada e pacífica os nossos direitos”. Acrescentou que “quem produz alimentos somos nós e esse é um recado para todos os governos”.

Representando a Associação das Câmaras Municipais de Vereadores da Região Celeiro, Alcione Cesar dos Santos, além de animar a caminhada com seu acordeon, manifestou total apoio à mobilização dos agricultores, afirmando que “juntos somos fortes e nos fazemos ouvir”. Da Assembleia Legislativa, a deputada Zilá Breteinbach e os deputados Jeferson Fernandes e Elton Weber trouxeram o apoio do legislativo gaúcho ao movimento. Natural de Três Passos, Zilá enalteceu a jornada das mulheres, arrancando aplausos de milhares de trabalhadoras. Falou que o Grito é pela manutenção das conquistas já garantidas, com ênfase para a sucessão familiar, a saúde e a previdência. O deputado Jeferson disse da importância da garantia dos direitos previdenciários para os agricultores, destacando as faixas empunhadas na praça.

Ex-presidente da Fetag, Elton Weber contou que não faltou a nenhum Grito, definindo o dia como de trabalho e luta. Falou da importância de levar para a sociedade as lutas e anseios do campo. “Fala-se em ajustes, mas se o governo não olhar melhor para as políticas públicas, vamos ter que ir à rua muitas vezes”. Lembrou que o Grito de Alerta abre o calendário de reivindicações do setor afirmando que, independente do governo, “se quisermos manter as nossas conquistas, temos que nos dar as mãos”.

Recém-criada, a Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais do RS (Fetar) foi representada por Vanderli Almeida, que destacou a importância dos assalariados rurais para os sindicatos e os municípios, lamentando que metade desses trabalhadores estejam na informalidade. Também presente, o prefeito de Três Passos, José Carlos Amaral, falou da honra do município em sediar o Grito e disse que o alerta serve para que ninguém mexa nos direitos dos agricultores. Pela coordenação da Macro, Agnaldo Barcelos garantiu que “cada um de nós compreende o seu papel e o que está fazendo aqui hoje”. Acrescentou que o agricultor é fundamental para produzir o alimento, mas também para o sustento daquela região. Relatou que conversou com dirigentes que já estão no seu sexto Grito e isso fortalece a luta e o movimento sindical.

Fechando as falas ainda durante a manhã, o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, saudou o empenho de dirigentes, lideranças, assessores, enfim, de todos que de alguma forma se envolveram na organização do Grito. Ele reforçou que a mobilização é o pontapé inicial no Estado para os Gritos da Terra estadual e nacional e que, da mesma forma que a cidade precisa do agricultor, o agricultor também precisa da cidade. E que, se hoje, os moradores de Três Passos tiveram alguma dificuldade de locomoção, pelo menos três vezes por dia qualquer pessoa precisa do agricultor, durante suas refeições.



Sobre a coincidência da data do Grito, que já estava agendada há meses, com o impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal, Joel espera que isso não sirva de cortina de fumaça para acobertar outros erros. E disse que, se houver a confirmação do fim do MDA e da junção dos ministérios da Previdência e Fazenda, a Fetag não vai aceitar essas mudanças. Também no RS, acrescentou o dirigente, as coisas estão difíceis, citando a redução de 30 para 10 doses de vacina contra a febre aftosa. Por uma coincidência, no dia 12 de maio, o presidente Joel completa 50 anos e contou que não poderia ter tido um aniversário melhor: ouviu o Parabéns a Você cantado por mais de sete mil pessoas e estava aonde sente-se realizado, trabalhando pelo movimento sindical.

RUMO AO PARQUE DA FEICAP

A multidão saiu em caminhada e percorreu cerca de 2.400 metros, de forma ordeira e pacífica, com distribuição de panfletos às pessoas que observavam a movimentação. Abrindo o desfile, 20 crianças, filhas e filhos de agricultores familiares, traziam cartazes pedindo um futuro no meio rural. Seguiam-se inúmeras alas com as reivindicações dos trabalhadores, num grito de alerta para que o campo permaneça vivo e produzindo. Em meio a caminhada, seu Antônio, 77 anos, do STR de Braga, dava um show de cidadania para os mais jovens, sempre com um sorriso no rosto, apesar de andar com dificuldade. E assim, tremulando as bandeiras, entoando cantos e repetindo gritos de ordem como “Agricultor na rua, governo a culpa é tua”, a marcha chegou no Parque da Feicap. Lá, o pessoal fez uma parada para o lanche para, no início da tarde, retomar as atividades. Os coordenadores da cinco regionais que integram a Macro Regional Fronteira Noroeste subiram no carro de som e falaram ao público. No alto do caminhão, a coordenadora de mulheres da Fetag, Lérida Pavanelo, o presidente do STR de Vista Gaúcha, Jucelar Berté, e os animadores José Luiz Pieta e Lemoar Fernando Mattia, assessor da Fetag, além do gaiteiro, puxavam as músicas. Ao lado, uma mística com as crianças e um grande banner sendo aberto por uma menina erguida por um guindaste dando o tom de que a mobilização se aproximava do fim. Cinco pombas brancas foram libertadas pela menina, simbolizando as cinco regionais da Macro.

CAMINHADA ATÉ O TREVO

Mais uma vez, o grupo saiu em caminhada, dessa vez em direção ao trevo de acesso ao município de Três Passos, que permaneceu fechado por cerca de uma hora. No local, novas falas davam conta de uma das maiores preocupações dos agricultores. A tesoureira-geral da Fetag, Elisete Hintz, falou sobre a Previdência Social e as conquistas ameaçadas pela reforma. Agnaldo, Hepp e Joel falaram novamente em nome da organização do evento, agradecendo a presença de todos e lembrando que a categoria permanece mobilizada. No dia 31 de maio, em Porto Alegre, ocorre o Grito da Terra e os agricultores, novamente, vão dar mostras de sua capacidade de organização. No céu de Três Passos, centenas de balões brancos anunciaram que o 6° Grito de Alerta chegara ao fim.

FONTE: Assessoria de Comunicação FETAG-RS



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