Seringueiros, pescadores, babaçueiros, catadores se pequi, de castanhas e diversos outros extrativistas, como parte da programação do 4° Congresso Nacional das Populações Extrativistas e Comunidades Tradicionais da Amazônia, participaram na manhã de hoje (7) uma audiência pública no auditório Nereu Ramos. O objetivo é dar visibilidade e fortalecer a defesa dos territórios dos povos da Amazônia que vivem do extrativismo e dependem da preservação e conservação da floresta, dos rios e de toda a fauna amazônica.
Durante o Congresso foi elaborado um documento com resoluções, que foi simbolicamente entregue ao Congresso Nacional por meio do deputado federal Airton Faleiro (PT-PA), que foi o requerente da audiência pública.
O secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Carlos Augusto Silva, Guto, participou da mesa e falou sobre a importância dessa luta. "A postura do governo eleito indica que o projeto de destruição avança, com uma política clara de criminalização dos movimentos sociais, desmantelamento das poucas políticas voltadas para a Amazônia. Esse é um governo que governa para os ricos e não para os pobres e desenvolve uma política entreguista para o capital, para o agronegócio, para o latifúndio", afirma Guto. "Inspirados nas estratégias de Chico Mendes e em outros lutadores, precisamos construir alianças e unidade. Só assim vamos conseguir defender os direitos conquistados pelos povos da Amazônia e sacudir o Legislativo, o Judiciário e o Executivo que aí está", clamou o dirigente.
Um dos participantes do congresso está há mais de 40 anos na luta pelos direitos dos extrativistas.Raimundo Mendes de Barros, 74 anos, é primo de Chico Mendes e afirma que o legado do militante está ameaçado. "Temos que vir para Brasília pedir ao Congresso Nacional que seja nosso aliado contra todas as ameaças às políticas ambientais, os projetos de lei que diminuem reservas indígenas, ou de possíveis decretos para extinguir reservas e criar outros modelos no lugar", explica Raimundo.
O recém-eleito presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Júlio Barbosa, afirma que uma das principais preocupações da instituição é a fragilização da legislação ambiental e as ameaças de redução de territórios pelo governo federal.
Para o secretário geral do CNS, Diones Torquato, este momento é de afirmar que "não abriremos mão de um modelo de desenvolvimento sustentável, que valorize a cultura e os modos de vida das comunidades extrativistas. Queremos dar um recado direto ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles: vocês são uma vergonha para o país quando falam da Amazônia e dos povos indígenas sem reconhecerem a diversidade e a riqueza desse país. Conclamamos toda a sociedade, do Brasil e do mundo, para defender a resistência dos povos da Amazônia".
FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Lívia Barreto