Ao longo de toda essa semana, uma delegação composta pelo vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Alberto Broch, pela secretária de Mulheres, Mazé Morais, e por representantes de três cooperativas brasileiras – COOPERBAC, da Bahia, COOPONTAL, de Pernambuco, e COOPERXIQUE, do Rio Grande do Norte - esteve no Peru para o último intercâmbio de experiências do Projeto FO4LA.
Este é um projeto que visa fortalecer o Cooperativismo e o Associativismo em países da América do Sul, coordenado pela Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (COPROFAM), organização internacional da qual a CONTAG é membro. E financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). O FO4LA envolveu 12 cooperativas de quatro países: Brasil, Bolívia, Paraguai e Peru.
No Peru, foram visitadas, entre os dias 25 e 28, as cooperativas Aguilayoc e Alto Urubamba, localizadas em Quillamba, município do Departamento de Cusco. Além de organizarem agricultores e agricultoras familiares que produzem café e cacau nas comunidades rurais locais, elas também desenvolvem um trabalho com produção de bioinsumos para uso dos agricultores(as), e um sistema rotativo para possibilitar a produção de suínos por famílias associadas.
Essas duas cooperativas foram beneficiadas com recursos do FO4LA e assistência técnica para desenvolverem planos de negócio para aplicação desses recursos, visando as melhorias necessárias para desenvolver o trabalho cooperativo na região e a melhoria de renda das famílias agricultoras. No Brasil, as três cooperativas nordestinas mencionadas anteriormente também passaram pelo mesmo processo ao longo desse ano. Atualmente, as 12 cooperativas participantes cumprem a última etapa prevista no FO4LA, de intercâmbio de experiências entre todas elas com visitas aos países.
Experiências peruanas
Ao longo dos quatro dias de viagem, a delegação pôde visitar as instalações das cooperativas, conhecer as infraestruturas onde são produzidos os bioinsumos, e ir até algumas propriedades familiares de associados e associadas. Em todos esses momentos, puderam conversar com os companheiros e companheiras peruanos(as) sobre suas rotinas de trabalhos e suas dificuldades. E principalmente, observar a importância do cooperativismo para fortalecer o trabalho dessas famílias rurais.
“Foi muito importante para mim ver de perto a história de luta e resistência dos irmãos e irmãs do Peru. Vimos que lá a questão das políticas públicas específicas e a garantia de direitos é mais desafiadora. Mas emociona ver a resistência, força, coragem e determinação desse povo, apesar de todas as dificuldades”, comenta Mazé sobre a experiência, e completa: “Volto muito energizada e com a certeza de que vale a pena continuarmos lutando pelas políticas públicas e pela garantia dos direitos dos nossos povos, no Brasil e no mundo”.
Alberto Broch ficou impressionado com aspectos geográficos da região visitada. “É uma região de montanhas, uma tipografia muito distinta das nossas no Brasil, e pudemos ver as dificuldades que os agricultores e agricultoras passam para ter acesso a estradas e escoar as produções. Mas organizadas em cooperativas, elas apresentam mais chances de prosperar em suas atividades”, observou o vice-presidente da CONTAG, que também é presidente da COPROFAM.
Além de conhecer o sistema de crédito rotativo desenvolvido pelas cooperativas para a criação de suínos, outra experiência apresentada aos participantes do intercâmbio foi a de produção de bioinsumos a partir de rochas que possuem nutrientes para adubamento, com uma visita à fábrica própria que produz a farinha das rochas para esse uso.
A delegação da COPROFAM, que além dos brasileiros(as) também tinha representantes da Bolívia e do Paraguai, foi ainda recebida por autoridades de Quillamba. E tiveram momentos para dialogar com representantes do FIDA, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que financiou esse projeto e também investe em outros em diversos países.
“Foi um intercâmbio extremamente positivo, que promoveu uma verdadeira integração latino-americana no âmbito do Cooperativismo e também do Movimento Sindical”, avaliou o vice-presidente da CONTAG.
Fonte: Comunicação CONTAG e COPROFAM - Gabriella Avila