Ao longo dos seus mais de 10 anos de existência, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi se consolidando como uma importante ação de ampliação e de inclusão de milhares de estudantes que não tinham oportunidade de ingresso nas universidades públicas. A crise sanitária provocada pela Covid-19, iniciada em fevereiro de 2020, e, após inúmeras manifestações dos movimentos sociais e sindicais que atuam no campo da educação, fez com que o governo federal adiasse o Enem em 2020, previsto para iniciar em 17 de janeiro de 2021.
Acontece que, após dez meses da pandemia, recentes dados sobre a doença alertam para a possibilidade de uma segunda onda. No dia 7 de janeiro de 2021 o Brasil ultrapassou os 7,8 milhões de infectados e 200 mil mortes, com tendências de ampliação da doença. Segundo dados do Ministério da Saúde, em dezembro de 2020 houve um aumento de 62% no número de casos e 59% sobre o número de óbitos.
Desta forma, nos somamos às manifestações do Fórum Nacional Popular de Educação (PFPE), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e de diversas entidades científicas do campo da educação que encaminharam documentos ao Ministério da Educação solicitando, mais uma vez, que o exame do Enem seja adiado.
Conforme informações dessas entidades, as propostas de medidas para evitar a infecção pela Covid-19, apresentadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), não são suficientes para garantir a segurança da população brasileira, num momento em que os sinais de uma segunda onda são bastante evidentes.
Acrescenta-se ainda que, com o avanço da pandemia no Brasil, foram agravados os níveis de exclusão social e de precarização das condições de estudos no ensino médio, em especial, aos estudantes do campo, da floresta e das águas que, na sua grande maioria, não dispõem das mesmas condições de preparação para participarem do exame dos estudantes residentes nos centros urbanos.
Para a CONTAG, é inaceitável que o governo federal queira realizar o exame num momento em que o mais importante é salvar vidas, além de querer criar condições de igualdade de participação e concorrência num exame tão importante como é o Enem, numa sociedade onde as condições de oportunidades foram historicamente criadas de forma desigual, em especial para as populações do campo, da floresta e das águas.
#AdiaEnem
Diretoria da CONTAG FONTE: Diretoria da CONTAG