A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) manifesta seu repúdio e condenação ao golpe de Estado perpetrado ao presidente Fernando Lugo, eleito democraticamente pelo voto direto do povo paraguaio.
A CONTAG manifesta total apoio e solidariedade ao povo paraguaio, especialmente, aos agricultores e camponeses sem terra que no seu direito constitucional e soberano fazem a luta legítima pela reforma agrária, como forma de conquistar o acesso a terra, produzirem e alimentarem suas famílias, contribuindo assim, para o desenvolvimento do campo.
Repudiamos a ação golpista dos setores conservadores de direita que se valeram da maioria parlamentar para condenar e derrubar o Presidente num processo de impeachment sem direito a defesa, mediante o simples pretexto da ingovernabilidade no confronto entre policiais e camponeses, durante ação de reintegração de posse de um latifúndio ocupado por agricultores e camponeses sem terra. Essa ação representa um duro golpe à democracia conquistada com muita luta pelo povo paraguaio.
O Paraguai tem uma realidade agrária perversa e injusta onde 80% da terra é ocupada e controlada por 3% da população. Segue aumentando a concentração e a estrangerização das terras paraguaias, pressionando e expulsando os agricultores familiares de suas pequenas áreas de terra, aumentando o êxodo rural e o contingente de agricultores e campesinos sem terra.
Frente a essa realidade, as organizações dos agricultores familiares e campesinos sem terra do Paraguai são obrigadas a reagir e organizar a luta em defesa da agricultura familiar e da reforma agrária como forma de garantir o acesso a terra e aos recursos naturais indispensáveis para que as famílias de agricultores e campesinos permaneçam no campo produzindo alimentos para a população do país.
Apoiamos e consideramos urgente uma reação por parte dos Governos do MERCOSUL e da UNASUL, frente ao golpe de Estado, usando os instrumentos legais cabíveis para estabelecendo condições para que o povo paraguaio consiga restabelecer a ordem constitucional e democrática no país. Mas, além disso, compreendemos que é preciso evidenciar os graves problemas fundiários existentes no Paraguai, que exigem uma solução profunda e estrutural. Apoiamos, pois, incondicionalmente as lutas pela reforma agrária e pela regularização e democratização da terra e direito ao trabalho, a vida, a liberdade e a soberania.
A CONTAG, suas 27 Federações de Trabalhadores na Agricultura (FETAGs) filiadas e os Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) reafirmam a posição de repúdio ao Golpe de Estado e de total apoio e solidariedade às organizações de agricultores familiares e campesinos que lutam pela reforma agrária e ao povo unido na grande reação para a volta de Fernando Lugo na presidência do Paraguai, restabelecendo a democracia, necessária para dar continuidade às mudanças sociais que a população tanto precisa. FONTE: Direção da CONTAG