O Governo Federal resolveu reduzir o IPI para a indústria automobilística visando manter entre 1.500 a 2.000 empregos, uma vez que esta iniciativa iria aumentar a venda de automóveis e a indústria continuaria a produção, não necessitando fazer demissões por excesso de produção e demanda estancada. A CONTAG entende que o Governo Federal agiu rápido visando manter a produção, o consumo e os empregos dos metalúrgicos. Essa é uma ação acertada, uma vez que o Estado priorizou o emprego dos trabalhadores. Parabéns, Presidenta Dilma! Por outro lado, a CONTAG precisa dizer que os trabalhadores rurais empregados do agronegócio não estão sendo tratados da justa forma como estão sendo tratados os metalúrgicos, pois somente em um setor, canavieiro, de 2007 a 2010, 80 mil trabalhadores(as) perderam seus empregos e o Estado não fez ação que impedisse tal extinção de postos de trabalho. A previsão é que 400 mil trabalhadores(as) do setor, do cultivo manual da cana, perderão seus postos de trabalho nos próximos seis anos. Esses trabalhadores carecem de escolarização, de qualificação e requalificação para serem reinseridos no mercado de trabalho. Qual ação está sendo realizada pelo Governo que considere esses 80 mil trabalhadores que já perderam o emprego e os 400 mil que ficarão sem emprego nos próximos anos? No campo, o Governo está agindo ao contrário do que faz com os metalúrgicos, pois para estes há uma política de proteção acertada, mas não existe ação semelhante para os 4 milhões de empregados rurais. Ao contrário, o Governo está financiando a aquisição de máquinas muitas vezes com dinheiro do trabalhador, gerando o desemprego estrutural em vários setores do campo. No caso da redução do IPI para as montadoras, falam em algumas centenas de milhões que o Estado deixou de arrecadar para garantir os 2.000 empregos. Dizem que a cada 1 milhão de reais de redução no IPI, a indústria gera 1 emprego. Mas, a preocupação do Governo neste caso não significa gerar emprego, mas sim mantê-los, pois o momento é de crise internacional. No caso dos empregados(as) rurais, o Governo Federal está concedendo enormes empréstimos sem exigir que o agronegócio mantenha ou crie empregos. Porque o tratamento é tão desigual? No primeiro caso, os trabalhadores(as) estiveram no centro da preocupação governamental, agindo rápido e protegendo os empregos, os salários e as famílias daqueles trabalhadores, já com os trabalhadores do campo estão sendo jogados para as periferias das cidades, para o subemprego, sem resposta antecipada ao problema. A CONTAG realizou a MOBILIZAÇÃO NACIONAL DOS ASSALARIADOS E ASSALARIADAS RURAIS, apresentando ao Governo uma pauta cujo eixo central é a necessidade de criação de uma Política Nacional para o assalariado e a assalariada rural, sobretudo os que são vítimas do processo de mecanização. O Governo não apresentou resposta, limitando-se que responderia em 30 dias. Vencido este prazo, o Governo não respondeu e solicitou mais 90 dias, valendo destacar que esse prazo está vencendo e a CONTAG sequer foi chamada para participar de reunião. A pergunta que fica para os trabalhadores e trabalhadoras rurais é, por que o Governo não vê os empregados rurais com a mesma preocupação com que trata os metalúrgicos? Para a CONTAG os trabalhadores(as) rurais são pessoas honradas, cidadãos, eleitores, que merecem toda atenção governamental, pois contribuíram e contribuem com a nação brasileira e, portanto, merecem estar no centro da preocupação da política governamental, assim como os nossos companheiros metalúrgicos. A CONTAG solicita que o Governo Federal responda a pauta dos assalariados e assalariadas rurais que foi entregue em fevereiro de 2012 e até hoje não recebeu resposta e nem convite para participar da construção de uma política nacional para os trabalhadores empregados e desempregados rurais. Foto: Ronaldo Patrício FONTE: Secretaria de Assalariados e Assalariadas Rurais da CONTAG